quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Eliakim Araujo /Direto da Redação/ 7/11/12

Publicado em 07/11/2012

Obama outra vez


Em uma histórica eleição, Barack Obama foi reeleito presidente dos EUA, derrotando o rival, Mitt Romney, por 303 votos eleitorais contra 206 do adversário. Essa margem aparentemente folgada, entretanto, não revela a apertada diferença nos votos populares em favor de Obama. O presidente recebeu 58.961.607 de votos contra 56.600.765 do republicano, em termos percentuais 50 por cento contra 48 por cento.  Coisas do sistema eleitoral estadunidense, onde um candidato pode ter mais votos do que o outro e perder a eleição, como já aconteceu no passado.
Obama venceu em Estados chave, como Ohio, Florida, Colorado, Virginia e Iowa, que se mantiveram indefinidos até o fim e se transformaram em verdadeiros campos de batalha entre os candidatos nos últimos dias de campanha.
Destaque para a Flórida, que tem o terceiro maior colégio eleitoral do país e teve a disputa mais emocionante na contagem dos votos. Os dois candidatos se revezaram na liderança, numa alternância espetacular. A Flórida era considerada quase perdida pelo comando da campanha de Obama, mas ele acabou vencendo por 50 por cento a 49 por cento. Detalhe, agora de manhã, 8 horas nos EUA, ainda estavam contando votos no Estado mais complicado do país em matéria de administrar uma eleição.
O partido do presidente manteve a maioria no Senado e os republicanos ficaram com a maioria na Câmara dos Deputados, o que significa que Obama vai seguir encontrando as mesmas dificuldades para governar, sobretudo porque essa eleição levou o país a uma forte divisão ideológica, com acentuadas diferenças entre ricos e pobres e inegáveis traços de racismo.
No discurso da vitória, diante de milhares de eufóricos eleitores em Chicago, Obama prometeu: "O melhor ainda está por vir".

O mea culpa republicano

No dia seguinte à derrota nas urnas, os republicanos tentavam entender o que deu errado em uma eleição cuja  vitória parecia certa. Mas não é muito difícil localizar a causa principal do fracasso do velho GOP (Grand Old Party). .
Enquanto os democratas de aliaram às minorias, formando uma corrente virtual entre jovens, negros, latinos, asiáticos, pobres, gays e mulheres, os republicanos continuam presos a um passado conservador e completamente fora de sintonia com as necessidades de um país que se renovou.
Os republicanos precisam se livrar do jugo de extremistas do próprio partido e da mídia conservadora, como o apresentador Bill O’Reilly, da Foxnews, que logo após o anúncio da derrota de Romney, declarou irresponsavelmente que “a ideologia branca da sociedade americana hoje é minoria”.
Trocando em miúdos, as urnas de 2012 revelaram o perfil fracassado dos que votaram no candidato do Partido Republicano: eleitores velhos, brancos e do sexo masculino. Uma mistura fatal para ganhar uma eleição, numa país em que as minorias unidas tornaram-se maioria.

Castigo nas urnas


O candidato republicano ao Senado pelo Estado de Indiana, Richard Mourdock, aquele que afirmou que o “estupro só acontece pela vontade de Deus”, colheu o que plantou. Foi derrotado pelo democrata Joe Donnelly.
Esse foi um dos muitos abacaxis que Romney teve que descascar durante a campanha. Ele tinha que estar corrigindo não só suas próprias gafes como a de seus colegas republicanos.
Mourdock (na foto ao lado de Romney),  para justificar sua posição contrária ao aborto em qualquer situação, saiu-se com essa em pleno debate: “mesmo quando uma vida começa em uma situação horrível, como em um estupro, isso é algo que Deus planejou acontecer”.
E Romney, que tinha gravado um comercial apoiando a candidatura de Mourdock, teve que correr para dizer que não pensava da mesma forma.

O papelão do vice


Terminada a apuração com a vitória de Obama, os republicanos vão procurar uma explicação para a derrota. Com certeza, na hora da avaliação, alguém vai descobrir que um dos erros mais graves de Romney foi a escolha do vice, Paul Ryan.
Um sujeito antipático e extremamente conservador. É provável que sua indicação tenha sido uma imposição da ala mais radical do Partido Republicano, o Tea Party, em troca do apoio ao candidato. Com essa escolha, Romney optou por abandonar as minorias, os negros, os latinos, os gays e lésbicas e as mulheres, vistas como minoria por sua luta em favor do direito ao aborto, aos contraceptivos e à igualdade de salários.
Paul Ryan tem ideias retrógradas sobre essas questões polêmicas, além de ser um adepto de cortes de gastos no Medicare e Medicaid, os programas sociais de ajuda aos mais pobres e aposentados.
No domingo à noite, numa tentativa desesperada de garantir a vitória, Ryan foi capaz de afirmar numa reunião com eleitores evangélicos que Obama estava levando os Estados Unidos "por um caminho que compromete os valores judaico-cristãos e coloca em risco a própria civilização ocidental". Não é demais o cara?
Mais um que foi castigado pelas urnas

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