sábado, 31 de dezembro de 2016

Oxalá

Oxaguiã é um orixá guerreiro
Oxalá é o orixá associado à criação do mundo e da espécie humana.
Apresenta-se de duas maneiras: moço (chamado Oxaguiã, identificado no jogo de búzios pelo odu ejionile) e velho (chamado Oxalufã e identificado pelo odu ofun). No candomblé, este é representado material e imaterialmente pelo assentamento sagrado denominado igba oxala.
Os símbolos de Oxaguiã são uma idá (espada), “mão de pilão” e um escudo; o símbolo de Oxalufã é uma espécie de cajado em metal, chamado opaxorô.
A cor de Oxaguiã é o branco levemente mesclado com azul-turquesa; a de Oxalufã é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁOxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertencem os olhos que vêem tudo.

Características dos filhos de Oxalá

Oxaguiã - bravura é uma das características de seus filhos
Umas das características dos filhos de Oxalá é marcar naturalmente sua presença por onde passam pois tem a aura de autoridade e poder do orixá maior da umbanda e candomblé.
Brilham com facilidade em qualquer ambiente, tanto pelo porte sempre altivo como pelo dom da palavra, que geralmente está associado a este orixá.
Os filhos de Oxalá geralmente são cuidadosos e generosos, e um pouco perfeccionistas e detalhistas ao extremo.
Geralmente o filho de Oxalá é alegre, gosta profundamente da vida, é falador, brincalhão e fanfarrão. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos.
Pode-se ver muitos filhos de Oxalá atuando em ong’s e projetos assistenciais. Orgulhoso, é sedento por feitos gloriosos, como todos os guerreiros, mesmo que em função de atos caridosos, pelos quais são conhecidos.
Curiosos, especialmente aqueles que tem como orixá de cabeça o jovem Oxaguiã e dados a liberdade em todos os sentidos, apreciam o amor livre, detestam ser mandados. São sedutores e flertam com todos.
Podem se tornar pais excelentes e mães muito amorosas. Dedicam-se com carinho e ternura às crianças, com quem se relacionam muito naturalmente e gostam da companhia delas, na maioria das vezes. Aqueles que tem a versão mais velha do Oxalá, o velho Oxalufã, podem se tornar um pouco impacientes com crianças.
Relacionam-se com facilidade com os filhos de outros orixás, mas, é sabido por todos aqueles que frequentam os terreiros de umbanda e candomblé que os filhos de Oxalá têm sempre uma certa prevenção em relação às pessoas a quem não conhecem muito bem e demoram a estabelecer confiança em alguém, mas quando se torna amigo, é um grande companheiro.

Oxalá é sincretizado com Jesus Cristo

No sincretismo religioso encontramos as seguintes formas:
Oxalá , orixá maior do candomblé e umbanda
Oxalá é sincretizado com Jesus Cristo
  • OXALÁ: sincretizado com Jesus Cristo.
  • OXALUFÃ: o Oxalá Velho, sincretizado com Jesus no Monte das Oliveiras.
  • OXAGUIÃ: o Oxalá Menino, que é sincretizado com o Menino Jesus de Praga.

Uma das características dos filhos de Oxalá é que eles são um tanto inconstantes e se amuam ou se zangam com grande facilidade, podendo se tornar um pouco ranzinzas.
Para alguns filhos deste orixá, sua opinião deve ser ouvida e imposta até os extremos e não raramente por causa dessa característica, os filhos de Oxalá de desentendem com filhos de Iansã,Ogum e Xangô, principalmente.
São, também, pessoas de grande capacidade de liderança, tornando-se, não raras vezes, líderes em suas comunidades ou no ambiente de trabalho, pois inspiram com muita força através do seu discurso.
Os filhos de Oxaguiã são bons oradores, e falam muito bem na maioria das vezes. Podem também ter talento especial para a escrita.
Os filhos de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais normalmente  são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos.
Gostam de dominar e liderar as pessoas, especialmente as filhas deste orixá. Em contrapartida, são muito delicadas, caprichosas, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza, harmonia e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitadas, caso contrário, não há diálogo possível.
Os filhos de Oxalá geralmente perdoam facilmente, sabem ver que sentimentos negativos só atrasam. Sabem conquistar com seu jeitinho elegante, refinado e sincero.
São calmos e dóceis, na maioria das vezes, andam com a postura reta, que representa sua natural elegância. Tem gostos caros e apreciam especialmente um bom vinho.
A velhice tende a tornar osfilhos de Oxalufã irritados e rabugentos, para aqueles que tem a versão mais jovem, Oxaguiã,  a idade pode trazer mais concentração e geralmente os filhos deste orixá alcançam a estabilidade financeira quando estão mais velhos.
Os  filhos de Oxalá são vaidosos, sempre preocupados em ostentar boa aparência e em serem agradáveis. As filhas de Oxalá são boas mães e esposas, embora, às vezes, se mostrem um pouco dominadoras e ciumentas. Também gostam de apresentar-se bem, embora discretamente.

Pai de todos os orixás
Oxalá é o orixá maior do candomblé e umbanda
Culto a Oxalá:

Os filhos de Oxalá e de todos os outros orixás devem guardar a sexta-feira como um dia consagrado ao orixá maior e por esta razão todos devem vestir branco e não comer carne, especialmente carnes vermelhas.
Neste dia a maioria das pessoas ligadas a umbanda/candomblé acendem velas brancas pedindo proteção a Oxalá. É excelente dia para tomar um banho energizante de alecrim, da cabeça aos pés.
  • Dia da semana: sexta-feira
  • Cores: branco leitoso para Oxalufã e para Oxaguiã o azul turquesa é aceito juntamente com o branco.
  • Oferendas principais: Milho branco, inhame pilado,  pombo, vela branca.
  • Ervas Sagradas: Tapete de Oxalá (boldo), alecrim, manjericão.

Precisa fazer oferendas para Oxalá?

Para aqueles que precisam fazer  oferendas especiais para seu orixá de cabeça e necessitam da orientação de uma mãe-de-santo para ajudar é só entrar em contato com makena@raizesespirituais.com.br
Se você deseja saber qual é seu orixá e as entidades que acompanham sua vida entre em contato para fazer uma consulta ao Jogo de Búzios.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Vamos comparar

João Lopes
7 h ·
O Jornal Nacional começou a campanha para DOUTRINAR seus telespectadores sobre a necessidade da reforma nas leis trabalhistas.
Logicamente, para impressionar, decidiu fazer a comparação entre as leis aplicadas nos EUA e aqui.
Entretanto, vamos pensar, questionar e colocar na ponta do lápis.
A dinâmica econômica americana é igual à brasileira?
O salário mínimo nos EUA é de U$ 7,25 por hora, equivalente a R$ 23,70.
O salário mínimo nos Brasil é de R$ 5,00 por hora, equivalente a U$ 1,53.
44 horas por semana de trabalho nos EUA representam R$ 1.042,80.
44 horas por semana de trabalho no Brasil representam R$ 220,00.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador americano ganha R$ 4.171,20.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador brasileiro ganha R$ 880,00.
O salário mínimo nos EUA é a base, sendo pago para as funções mais comuns e que não exigem muita qualificação. Dificilmente o trabalhador americano ganha apenas isso.
O salário mínimo no Brasil é a base, mas grande parte das empresas utilizam essa base como teto, ou acrescentam uma pequena diferença que é denominada de Piso da Categoria.
O trabalhador americano ganha em média 4,7 vezes mais que o trabalhador brasileiro.
O trabalhador brasileiro ganha em média apenas 20,4% do que ganha um trabalhador americano.
A economia americana é baseada no consumo, que gera produção, desenvolvimento e emprego.
A economia brasileira é baseada na especulação, que gera recessão, juros, queda no consumo e desemprego.
O empresariado americano também explora o trabalhador, mas esse tem poder de compra.
O empresariado brasileiro explora o trabalhador e a grande maioria desses trabalhadores possui poder de compra apenas para subsistência.
A renda média familiar anual nos EUA para uma casa com quatro pessoas é de U$ 51.939,00, equivalentes a R$ 169.840,53 (dados de 2013, pela cotação do dólar de hoje).
A renda média familiar anual no Brasil para uma casa com quatro pessoas é de R$ 53.424,00, equivalente a U$ 16.337,61 (dados de 2015, pela cotação do dólar de hoje).
Sendo assim, não somos os EUA. Nosso poder de compra, consumo e dinâmica econômica não são iguais e nem devem ser tomadas como referências comparativas.
A proposta para a reforma das leis trabalhistas só tem por finalidade ampliar ainda mais as diferenças sociais no Brasil.
Ou você realmente acredita que o empresariado irá usar essa nova lei para gerar empregos e renda para os brasileiros?
Pense ou morra escravo e acreditando na TV. Por Lêda Macêdo

País sob nova Direção.......................

João Lopes
25 min ·
´PAÍS SOB NOVA DIREÇÃO - Tudo indica que o big brother assumiu tudo. Já não há disfarce. Até 2014 se enrustia e não dizia sim e nem não sobre a ação sabotadora do moro-banestado. A ação golpista teve cuidado de preservar nossos herois fardados que, como avestruzes, enfiaram as cabeças em buracos para não serem postos no pelourinho como únicos capachos.
Mais vivos, deixaram que os togados funcionassem como bois de piranha visto que desprezo dos dignos já era fato. Agora tudo ficou transparente e lúcido. Em fila, pela ordem, as corporações fardadas, uma a uma já condecoram o juizeco conspirador que deu inicio a batalha midiática de destruição de qualquer ação representativa de progresso do país.
Fazem ouvidos moucos e disfarçam ao ouvir a verdade - de ser ele agente do inimigo. Jogam ao lixo valor das medalhas já que outros agraciados deverão sentir nojo de estar nessa companhia. NADA de HONRA, NADA de DEVER, NADA de VALOR PATRIÓTICO. O tio Sam pode refestelar-se com sua midia comprada desde 50 anos atrás, e fazer convocação geral de todos os capachos já catalogados via fiesp, de cujo quadro os fardados tinham acompanhamento pari-passu.
A presidenta do país, legitima pela lei, pode ser execrada, xingada, como se fazia com Hitler pela propaganda americana dos anos 40. Ela ser presidenta do Brasil NADA SIGNIFICOU AOS DEFENSORES DOS PAÍS, REGIAMENTE PAGOS E SUSTENTADOS.A opção mais uma vez foi a da calamidade de 64. Se havia interesse americano...quem seriam meros fardados a contestar? Não são eles que nos mandam sucatas para desovar seu lixo de material de guerra em atrofia? Sem a presidenta altiva e sobretudo brasileira, não mais haveria vozes de protesto ou pedido de socorro com possivel eco internacional.
Tudo seria comodamente resolvido intra muros.Um anão de presépio decorativo faria as vezes de substituto sob legitimação dos togados mercenários adrede comprados. Os fardados já treinavam continência olhando para baixo para fixarem o anão! MAS TUDO visando recompensas,afinal o valor estudado do pre-sal ronda 20 trilhões...e o resto? as industrias que verticalizam essa exploração, depois da destruição promovida pelo juizeco TODAS PODERIAM SER MADE IN USA. Fora os brindes...Nos próximos passos haverá,urânio, nióbio, aquífero e muito mais. Sem considerar que cessarão rompantes de submarino moderno, estudos de energia nuclear ou qualquer coisa que dê ânimo à colônia conquistada. NUNCA DANTES SE CONQUISTOU TANTOS COM TÃO POUCOS DOLARES - Eta gentinha barata!! Por Sergio Arruda

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Tudo o que temíamos no comunismo está acontecendo no capitalismo


Por Jerome Roos - Nós vivemos em um mundo de ponta-cabeça. Como recentemente colocou um meme amplamente compartilhado, “tudo que nós temíamos acerca do comunismo — que perderíamos nossas casas e economias e seríamos forçados a trabalhar eternamente por salários miseráveis, sem ter voz no sistema — aconteceu sob o capitalismo.”

Longe de levar a uma maior liberdade política e econômica, como seus acólitos e a intelligentsia sempre alegaram que seria, o triunfo definitivo do projeto neoliberal se deu de mãos dadas com uma expansão dramática da vigilância e controle estatal.

Há mais pessoas no sistema penitenciário dos Estados Unidos do que havia nos Gulags, no auge do terror stalinista. Os servidores da NSA agora podem capturar 1 bilhão de vezes mais dados do que o Stasi jamais pôde. Quando o muro de Berlim veio abaixo em 1989, havia 15 muros dividindo fronteiras ao redor do mundo. Hoje são 70. Em muitos aspectos, o futuro distópico dos romances e do cinema já acontece.

Em sua aposta faustiana de reestruturar sociedades inteiras, alinhada às prerrogativas do lucro privado e crescimento econômico infinito, o neoliberalismo sempre colocou a mão de ferro do estado firmemente ao lado da mão invisível do mercado. No despertar da crise financeira global, contudo, este conluio entre os interesses privados e o poder público se radicalizou.

Giorgio Agamben escreve que estamos testemunhando “a paradoxal convergência, hoje, entre um paradigma absolutamente liberal na economia e um controle estatal e policial sem precedentes, igualmente absoluto.” Ao traçar as origens deste paradigma no surgimento da polícia e a obsessão burguesa em relação à segurança na Paris pré-revolucionária, Agamben observa que “o passo radical foi dado apenas nos nossos dias e ainda está em processo de realização plena.”

Os ataques terroristas de 11/9 e as consequências da Grande Recessão desempenharam um papel importante na catalisação desses desdobramentos, acelerando a “desdemocratização” do Estado em curso e forjando a natureza fundamentalmente coerciva do neoliberalismo em crescente alívio. O resultado, para Agamben, foi o surgimento de uma nova formação política que opera de acordo com sua própria lógica:

O Estado sob o qual vivemos hoje não é mais um Estado disciplinar. Gilles Deleuze propôs chamá-lo de “État de contrôle”, ou Estado de controle, porque o que o Estado deseja não é ordenar e impor disciplina mas sim gerenciar e controlar. A definição de Deleuze está correta, pois gerenciamento e controle não necessariamente coincidem com ordem e disciplina. Ninguém deixou isso tão claro quanto o policial italiano que, após as revoltas de Gênova, em julho de 2001, declarou que o governo não queria que a polícia mantivesse a ordem, mas que gerenciasse a desordem.

O gerenciamento da desordem — este se torna o principal paradigma do governo sob o neoliberalismo. Em vez de confrontar diretamente as causas subjacentes à instabilidade política, à catástrofe ecológica e aos problemas sociais endêmicos, o Estado de controle considera “mais seguro e útil tentar administrar seus efeitos.” Assim, em vez de combater as obscenas desigualdades de riqueza e poder no coração do capitalismo financeiro, o Estado de controle cada vez mais recorre à polícia contra o precariado.

Em vez de reverter a exclusão social e a marginalização econômica de minorias historicamente oprimidas, o Estado de controle há muito resolveu hostilizar, assassinar e encarcerar essas pessoas. Em vez de acabar com a pobreza e a guerra, o Estado de controle agora promete agora construir novos muros e cercas para manter afastados os os indesejados migrantes e refugiados. Resumindo, em vez de tentar enfrentar os conflitos e crises multifacetados que a humanidade enfrenta pelas suas causas mais profundas, o Estado de controle se contenta em apenas gerenciá-los.

Se há uma imagem que veio definir este paradigma incipiente de controle, é a falange da polícia de repressão a manifestações — armada com fuzis e apoiada por veículos blindados — preparando-se para o confronto com populações locais quase sempre desarmadas em locais como Rio de Janeiro, Diyarbakir e Standing Rock.

Desde a aparência dos policiais até as armas e as táticas empregadas em solo, essas imagens mostram claramente como os espaços internos de segregação do mundo começaram a se assemelhar cada vez mais com uma zona de guerra ocupada. É claro que a semelhança não é mera coincidência: a ação policial não apenas recebe material excedente do complexo militar-industrial, incluindo armas e veículos que teriam sido empregados em verdadeiras zonas de guerra, como também começou a aplicar métodos militares de contra-insurgência no policiamento de protestos e do espaço urbano, de maneira geral. Na verdade, dois dos quatro esquadrões empregados em Ferguson, em 2014, receberam o seu treinamento em controle de multidões da polícia israelense, a qual aprimorou suas habilidades nos territórios ocupados da Palestina. Sob o neoliberalismo, em resumo, os métodos de ocupações militares no exterior e de uso doméstico pelas polícias locais estão cada vez mais misturados.

O mesmo tipo de fusão ocorre no limiar entre os interesses privados e o poder público, ou entre corporações e o poder estatal. Assim como as exigências de Wall Street se condensam nas prioridades políticas do Fed e do Tesouro Americano, e assim como os interesses dos fabricantes de armas continuam a alimentar as decisões políticas tomadas dentro da Casa Branca e do Pentágono, a capacidade de coleta de dados e controle algorítmico do Vale do Silício rapidamente se integra ao aparato de inteligência e segurança dos EUA. Enquanto isso, os exércitos ocidentais cada vez mais se apoiam em serviços militares privados para prestar apoio e até mesmo exercer funções ativas em combate, como as equipes de segurança privada estão assumindo o papel da polícia, com os primeiros agora superando os últimos numa proporção de 2 para 1 em escala global. Em outras palavras, como o Estado neoliberal expande dramaticamente o seu controle sobre populações cada vez mais rebeldes, dentro e fora de seu país, empresas bem relacionadas estão se inserindo com sucesso na atividade de “gerenciar a desordem” em troca de lucro privado.

Tudo isso culminou no desenvolvimento de novas tecnologias poderosas — desde os smartphones em nossos bolsos até os drones pairando sobre nós — que possibilitam uma intrusão sem precedentes da lógica de poder público-privado em todos os cantos do mundo e em todos os aspectos de nossas vidas. Nunca antes uma miríade de empresas privadas e agências estatais tinha tido tal acesso tão amplo às comunicações e ao paradeiro de tantos cidadãos insuspeitos. E nunca antes um presidente dos EUA teve tanto controle sobre uma máquina de matar tão sofisticada e versátil para as suas ações de assassinatos extrajudiciais. Agora, com uma oligarquia autoritária e racista na Casa Branca, além de demagogos de direita igualmente perigosos aguardando a sua chance na Europa e boa parte do resto do mundo, a questão que inevitavelmente surge é como iremos nos defender deste Estado de controle que tudo vê e devora, com o seu ímpeto intrínseco de contínua autoexpansão e seu completo desprezo pelos direitos humanos mais básicos e pelas liberdades políticas.

A quarta edição da ROAR Magazine considera esta questão à luz dos desdobramentos profundamente problemáticos dos últimos anos. Ela examina as várias novas tecnologias de controle estatal e as formas inovadores de resistência que surgem contra elas. Traçar os contornos do neoliberalismo autoritário conforme ele mostra a sua cara feia ao redor do mundo oferece tanto uma avaliação distópica de nosso atual momento político quanto uma visão radical para libertação coletiva e transformação social para além do Estado de controle. Se tudo o que nós um dia tememos sobre o comunismo aconteceu sob o capitalismo, talvez seja o momento certo de começarmos a pensar em alternativas democráticas anticapitalistas. (*Tradução Gabriel Simões | Ilustração de Mirko Rastić do Outras Palavras)

Comparação entre EUA e Brasil / mercado de trabalho

Jornal Nacional compara mercado de trabalho dos EUA com o do Brasil. Veja na ponta do lápis como a Globo está te enganando

25 de dezembro de 2016 às 19h58
  
Captura de Tela 2016-12-25 às 19.57.35
A Globo trata você como um idiota
enviado por Sergio Luiz Bezerra, via Facebook
O Jornal da Desgraça Nacional começou a campanha para doutrinar os brasileiros sobre a necessidade da reforma nas leis trabalhistas.
Logicamente, para impressionar, decidiu fazer a comparação entre as leis aplicadas nos EUA e aqui.
Entretanto, vamos pensar, questionar e colocar na ponta do lápis.
A dinâmica econômica americana é igual à brasileira?
O salário mínimo nos EUA é de U$ 7,25 por hora, equivalentes a R$ 23,70.
O salário mínimo no Brasil é de R$ 5,00 por hora, equivalentes a U$ 1,53.
44 horas por semana de trabalho nos EUA representam R$ 1.042,80.
44 horas por semana de trabalho no Brasil representam R$ 220,00.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador americano ganha R$ 4.171,20.
Em quatro semanas de trabalho, representando um mês, o trabalhador brasileiro ganha R$ 880,00.
O salário mínimo nos EUA é a base, sendo pago para as funções mais comuns e que não exigem muita qualificação. Dificilmente o trabalhador americano ganha apenas isso.
O salário mínimo no Brasil é a base, mas grande parte das empresas utiliza essa base como teto, ou acrescenta uma pequena diferença — é o Piso da Categoria.
O trabalhador americano ganha em média 4,7 vezes mais que o trabalhador brasileiro.
O trabalhador brasileiro ganha em média apenas 20,4% do que ganha um trabalhador americano.
A economia americana é baseada no consumo, que gera produção, desenvolvimento e emprego.
A economia brasileira é baseada na especulação, que gera recessão, juros, queda no consumo e desemprego.
O empresariado americano também explora o trabalhador, mas esse tem poder de compra.
O empresariado brasileiro explora o trabalhador e a grande maioria desses trabalhadores possui poder de compra apenas para subsistência.
A renda média familiar anual nos EUA para uma casa com quatro pessoas é de U$  51.939,00, equivalentes a R$ 169.840,53 (dados de 2013, pela cotação do dólar de hoje).
A renda média familiar anual no Brasil para uma casa com quatro pessoas é de R$ 53.424,00, equivalentes a U$ 16.337,61 (dados de 2015, pela cotação do dólar de hoje).
Sendo assim, não somos os EUA. Nosso poder de compra, consumo e dinâmica econômicas não são iguais e os EUA não devem ser tomados como referência comparativa.
A proposta para a reforma das leis trabalhistas só tem por finalidade ampliar ainda mais as diferenças sociais no Brasil.
Ou você realmente acredita que o empresariado irá usar essa nova lei para gerar empregos e renda para os brasileiros?
Pense ou morra escravo e acreditando na TV.
PS do Viomundo: A charge abaixo resume o “mais poder aos sindicatos” da manchete de O Globo:
Captura de Tela 2016-12-25 às 20.13.39
Leia também:

sábado, 24 de dezembro de 2016

A direita sulista na ideologia de Curitiba, por André Araújo.......................uma visão

Por André Araújo
A cruzada moralista de Curitiba tem forte enraizamento em uma faixa de opinião publica cristalizada  numa direita antinacional, com raízes separatistas, que tem longa sedimentação nos embates entre correntes em disputa pelo poder no Brasil moderno. Uma historia nada pacifica e nada mansa, a História do Brasil é violenta, destrutiva, conflituosa e dada à fragmentação do poder.
Essa direita sulista vê no Norte-Nordeste uma raiz dos males do Brasil em contraste com o Sul operoso, virtuoso e honesto. Essa direita acha que o Sul estaria melhor separado do resto do Brasil. Essa é a base dos chamados "movimentos separatistas" que foram combatidos por Getúlio no Estado Novo, este aliás nasceu entre outras razões para combater um rebrotar desses sentimentos na década de 30. Vargas usou a força policial para enfrentar espasmos  regionalistas de natureza étnica nas áreas de colonização alemã e italiana, durante os anos 30 e 40 e, especialmente, durante o período de guerra.
Não é, portanto, coincidência que a operação anticorrupção tenha seu epicentro em Curitiba e seus condutores em nomes de origem italiana.  Curitiba é a sede do movimento separatista O SUL É MEU PAIS, fundado em 1992 por Adilcio Cardorin, movimento que tem existência legal e que pretende desligar o sul do resto do Brasil. Todo conjunto de sinais emitidos a partir da operação anticorrupção leva a mensagem de um profundo desprezo pelo Brasil tradicional, da mesma gênese pela qual os milaneses manifestam seu maior desprezo pelo Sul da Itália, "depois de Roma começa a África", já dizia minha bisavó veneta. Os lombardos preferindo se considerar parentes dos alemães do que primos dos atrasados do Sul.
Nem se diz aqui que a força-tarefa tem ligação direta com esses movimentos, mas o ambiente local emana fluidos de uma certa visão do Brasil – que não é aquela da grande integração que o império lusitano conseguiu impor do Oiapoque ao Chui e depois consolidada pelos dois Imperadores da Casa de Bragança, que sufocaram levantes e revoltas contra a unidade nacional na vastidão do território continental. A continuidade territorial do Brasil mantida contra todas as tendências de fragmentação que prevaleceram na America Espanhola mostra uma imensa força  da vontade lusófona, ao manter tão vasta região sob uma só bandeira.
Esse grande Estado brasileiro é a criação da Coroa portuguesa, da Igreja Católica e das Forças Armadas, esse Estado não é um aglomerado de colônias de alemães, polacos, italianos, o Estado brasileiro é a criação de gigantes vultos do passado que atravessaram a pé o território de São Vicente  para as fronteiras da Colômbia e depois dessa luta titânica de séculos vêm comedores de macarrão dizer "o Sul é meu Pais" como se fossem eles que criaram o Brasil.
Na Itália, precursora de uma Operação Mãos Limpas que serve de modelo a operação de Curitiba, o sentimento separatista implícito em um Norte virtuoso e um Sul corrupto a ser combatido produziu como rescaldo um forte partido separatista, a Lega Lombarda de Umberto Bosi na esteira da completa liquidação dos partidos centrados em Roma e no Sul, especialmente a Democracia Cristã que salvou e recuperou a Itália do pós guerra.
A destruição de todo sistema político causado pela Mãos Limpas na Itália e a meta não escrita da Operação de Curitiba. O sistema político do pós-guerra que trouxe à Itália décadas de prosperidade foi eliminado pelas Mãos Limpas, levando a Itália a 30 anos de decadência, paralisia econômica e regressão social e política, situação que os admiradores da Mãos Limpas preferem não comentar.
A cruzada moralista, apoiada pela direita sulista, tem em São Paulo o suporte de uma definida parcela da opinião publica que gira em torno dos grandes escritórios de advocacia corporativa, dos bancos de investimento, das consultorias econômicas e empresariais, das escolas de "business" de ponta (Insper e FGV), um mundo globalizado e mais ligado ao exterior que ao Brasil profundo. Todavia, a expressão repetida ad nauseam pela GLOBO de que a operação de Curitiba tem o apoio da opinião publica, como se esse apoio fosse unânime, é falsa e manipulada.
Um dos apoiadores mais simbólicos da operação anticorrupção é o prof. Modesto Carvalhosa, um dos lideres dessa opinião pública paulista, que vê nas empresas brasileiras a emanação do demônio e nas estrangeiras as representantes celestiais do bom comportamento, disse hoje na Radio Jovem Pan que todas as empreiteiras deveriam ser fechadas e no seu lugar seria ótimo virem empreiteiras suecas.
Um emblemático apoiador da Lava Jato na mídia é Diogo Mainardi, um dos maiores detratores do Brasil como Pais, seu meio de vida é falar mal do Brasil e dos brasileiros, mais um italiano da Lava Jato a mover essa corrente antibrasileira, lembrando em seu blog e programa de TV quão horrível é o Brasil, quão bom são os EUA, país corretíssimo e onde não há corrupção nem em Wall Street.
Mainardi pode ser considerado o mascote da operação anticorrupção, pois esta confirma suas piores prédicas sobre o Brasil. Tem um apoio específico desse grupo social que vê na operação de Curitiba uma força modernizadora e dentro da agenda global de transparência e governança que eles cultuam.
Essa agenda global é mais uma espécie de teatro do que realidade, os grandes blocos geopolíticos do mundo, Rússia, China e Índia, não seguem esse agenda e o pais líder desse movimento de transparência e governança, os EUA, está dando marcha à ré no próximo Governo Trump. Portanto, essa agenda é mais desejo que realidade, aqui vendida como algo universal e incontroverso quando é de fato uma agenda especifica de um grupo ideológico politicamente correto que está longe de ser unânime no mundo, tanto que o líder de uma plataforma política que contesta essa agenda foi eleito Presidente dos EUA.
A agenda americana de transparência e férreo combate à corrupção e aos crimes financeiros é coisa de Hollywood e não de realidade. Na mega crise de 2008, ninguém foi punido, ninguém foi condenado e ninguém foi preso. E o rombo foi de 700 bilhões de dólares, não gerou sequer um inquérito, portanto é lenda que o Departamento de Justiça combate a ferro e fogo o crime financeiro, é LENDA, repetido pelos bobos alegres da mídia brasileira, hoje mesmo no programa Três em UM da Jovem Pan foi dito "olhe, eles não perdoam crimes financeiros, veja o que eles fizeram na crise de 2008". Não fizeram nada, vocês não sabem nada.
O Departamento de Justiça está fazendo a festa com empresas brasileiras, levadas de bandeja para serem tosquiadas em Washington, dinheiro que sai do Brasil para os cofres do Tesouro americano sem que se saiba sob que estatuto legal uma potencia estrangeira pode cobrar multas de empresas brasileiras por delitos cometidos no Brasil ou em terceiros países por brasileiros que não estão sujeitos às leis americanas e não lesaram interesses americanos, qual a justificativa dos EUA cobrarem multas no Brasil?

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

ARTIGO DE LULA NA FOLHA É IRRESPONDÍVEL!

lula
Do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, hoje, na Folha:
Em mais de 40 anos de atuação pública, minha vida pessoal foi permanentemente vasculhada -pelos órgãos de segurança, pelos adversários políticos, pela imprensa. Por lutar pela liberdade de organização dos trabalhadores, cheguei a ser preso, condenado como subversivo pela infame Lei de Segurança Nacional da ditadura. Mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte.
Sei o que fiz antes, durante e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse manchar a minha história. Governei o Brasil com seriedade e dedicação, porque sabia que um trabalhador não podia falhar na Presidência. As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei: de um Brasil mais justo, com oportunidades para todos.
Às vésperas de completar 71 anos, vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar.
Desde que essa caçada começou, na campanha presidencial de 2014, percorro os caminhos da Justiça sem abrir mão de minha agenda. Continuo viajando pelo país, ao encontro dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos partidos, para debater e defender o projeto de transformação do Brasil. Não parei para me lamentar e nem desisti da luta por igualdade e justiça social.
Nestes encontros renovo minha fé no povo brasileiro e no futuro do país. Constato que está viva na memória de nossa gente cada conquista alcançada nos governos do PT: o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Minha Casa, Minha Vida, o novo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa de Aquisição de Alimentos, a valorização dos salários -em conjunto, proporcionaram a maior ascensão social de todos os tempos.
Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos.
Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito.
Jamais pratiquei, autorizei ou me beneficiei de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do governo. Desde a campanha eleitoral de 2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma “organização criminosa”, e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão. Precisa ser provada à força, já que “não há fatos, mas convicções”.
Não descarto que meus acusadores acreditem nessa tese maliciosa, talvez julgando os demais por seu próprio código moral. Mas salta aos olhos até mesmo a desproporção entre os bilionários desvios investigados e o que apontam como suposto butim do “chefe”, evidenciando a falácia do enredo.
Percebo, também, uma perigosa ignorância de agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições. Cheguei a essa conclusão nos depoimentos que prestei a delegados e promotores que não sabiam como funciona um governo de coalizão, como tramita uma medida provisória, como se procede numa licitação, como se dá a análise e aprovação, colegiada e técnica, de financiamentos em um banco público, como o BNDES.
De resto, nesses depoimentos, nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação. Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa.
Passados dois anos de operações, sempre vazadas com estardalhaço, não conseguiram encontrar nada capaz de vincular meu nome aos desvios investigados. Nenhum centavo não declarado em minhas contas, nenhuma empresa de fachada, nenhuma conta secreta.
Há 20 anos moro no mesmo apartamento em São Bernardo. Entre as dezenas de réus delatores, nenhum disse que tratou de algo ilegal ou desonesto comigo, a despeito da insistência dos agentes públicos para que o façam, até mesmo como condição para obter benefícios.
A leviandade, a desproporção e a falta de base legal das denúncias surpreendem e causam indignação, bem como a sofreguidão com que são processadas em juízo. Não mais se importam com fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção -é grave que as instâncias superiores e os órgãos de controle funcional não tomem providências contra os abusos.
Acusam-me, por exemplo, de ter ganho ilicitamente um apartamento que nunca me pertenceu -e não pertenceu pela simples razão de que não quis comprá-lo quando me foi oferecida a oportunidade, nem mesmo depois das reformas que, obviamente, seriam acrescentadas ao preço. Como é impossível demonstrar que a propriedade seria minha, pois nunca foi, acusam-me então de ocultá-la, num enredo surreal.
Acusam-me de corrupção por ter proferido palestras para empresas investigadas na Operação Lava Jato. Como posso ser acusado de corrupção, se não sou mais agente público desde 2011, quando comecei a dar palestras? E que relação pode haver entre os desvios da Petrobras e as apresentações, todas documentadas, que fiz para 42 empresas e organizações de diversos setores, não apenas as cinco investigadas, cobrando preço fixo e recolhendo impostos?
Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública.
Tento compreender esta caçada como parte da disputa política, muito embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil.
É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática.
Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado. Isso é reconhecido até mesmo pelos procuradores que nos acusam.
Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Nós e Nozes

Nós e Nozes
9 de dezembro às 16:49 ·
Democracia e o pão e o peixe para todos.
A democracia sempre foi interrompida por golpes no Brasil. Temos, se somarmos, muito poucos anos da chamada democracia. O analfabetismo polítco é consequência direta disso e da falta de uma educação de verdade, com ciências sociais como prioridade básica para todos. Por isso, vemos tanta gente, mesmo com nível universitário, sem ter a mínima noção do que acontece à sua volta, nem de fundamentos elementares sobre o que é comunismo, o que é liberalismo econômico, o que é socialismo. Cospem frases feitas, superficiais, pensando somente em partidos políticos de esquerda que tomaram o poder, fizeram a ditadura do proletariado, e jamais avançaram além disso. Não concebem ser possível, por exemplo, um socialismo democrático, pelos exemplos citados. Ao mesmo tempo não têm noção de que quem comanda o mundo há muito tempo é o liberalismo que favorece uma pequena minoria de privilegiados em detrimento da maioria da população, incluindo micro, pequenos e médios empresários e profissionais liberais. Com opiniões formadas pela grande mídia, totalmente comprometida com essa minoria, assistem a concentração da rqiueza crescer a cada dia e se identificam com os milionários, com os rentistas beneficiados pelos juros altos que rendem milhões sem trabalhar, na ilusão de um dia chegarem a ser como eles, ou simplesmente pelo status que julgam ter opiniões conforme a deles, ou simplesmente por medo de serem mal vistos por eles, ou ainda por julgarem que ser de esquerda é coisa de pobre ou, ensinados pela mídia, coisa de comunistas malvados. Desconhecem o fato que ser de esquerda hoje é trabalhar contra esta política liberal que beneficia poucos em detrimento da maioria, que a livre concorrência liberal é na verdade e na prática, a formação de oligopólios predadores. Desconhecem que com juros altos, quem tem dinheiro terá cada vez mais com suas altas aplicações e quem não tem se endividirá cada vez mais. Desconhecem que essas minorias mandam nos Estados, promovem guerras por motivos geopolíticos e assassinam milhares de pessoas, mulheres e crianças, e são a causa dos refugiados. Desconhecem que não existe democracia em lugar algum e sim, devido a esse domínio das instituições financeiras, indústria das armas, indístria dos laboratórios, indústria do petróleo e supermultinacionais, o que existe é a ditadura econômica que querem manter a qualquer custo, com lucros cada vez maiores para eles, esmagando o restante da população. Ser de esquerda é ter consciência disso, ter noção do todo, da macro política que comanda a economia mundial. Ser de direita é querer manter tudo como está. Os privilegiados estão na deles, claro. Mas quem adota esta visão sem ter muito dinheiro é apenas alienado, contribuindo para este mundo cada vez mais injusto. Um espiritualista de verdade tem que ter noção do macro em todos os sentidos. Ele é um ser político, porque vive neste mundo. Tem obrigação de agir para o bem coletivo, de ajudar a repartir o pão e a multiplicar os peixes para todos e não somente para alguns
.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ILEGALIDADE Dois torcedores detidos sem provas no Rio são liberados. Famílias denunciam tortura

Um dos presos teve o nariz quebrado por policiais, outro quebrou um dente e levou um golpe no ouvido

Rede Brasil Atual, 
Homens da torcida corintiana foram obrigados a esperar durante horas dentro do estádio, sem camisa; mulheres e crianças foram dispensadas / Reprodução
A Justiça fluminense liberou ontem (30) dois dos 30 torcedores que seguiam presos desde 23 de outubro após um jogo entre Corinthians e Flamengo no Maracanã, no Rio de Janeiro, pelo campeonato brasileiro. Os corintianos foram detidos uma hora após o término da partida por suposta agressão a policiais militares, porém ainda não há provas do envolvimento dos torcedores no confronto. Apenas quatro dos detidos foram identificados em imagens. Familiares denunciam tortura, maus tratos e restrição de acesso a advogados.
Na sessão judicial de ontem foram julgados dois habeas corpus com expedição de alvará de soltura dos envolvidos. Os demais ficarão para a próxima audiência, na terça-feira (6). Até lá, os torcedores seguem presos sem provas em Bangu 10. Após o jogo foram detidas 31 pessoas, porém, um deles era menor de 18 anos e já foi liberado. Há provas, no entanto, que o jovem não havia nem sequer chegado ao estádio no momento do confronto envolvendo torcedores e policiais, iniciado meia hora antes da partida.
Os torcedores foram detidos em flagrante acusados de crimes de lesão corporal, dano qualificado, provocação de tumultos em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa. “Meu filho estava estudando gastronomia e ia se formar neste ano. Fui obrigada a trancar matrícula”, conta Receba Souza e Silva, mãe do estudante Vitor Hugo, de 21 anos, que está no grupo dos detidos, apesar de haver imagens comprovando que ele não participou do confronto. “Fui visitá-lo hoje e saí de lá sem condições de dar dois passos. Ele está explodindo. Só sabe repetir que 40 dias preso é demais para quem não fez nada.”
trocedor hematomas.jpg

Hematomas nas costas de torcedor devido a agressões da polícia
Meia hora antes do início do jogo, torcedores do Flamengo se aproximaram do alambrado de separação e provocaram os corintianos jogando garrafas de água e outros objetos na torcida adversária. A Polícia Militar se aproximou e começou a tentar afastar os corintianos com golpes de cassetete. Um grupo revidou e agrediu um membro da corporação. A polícia usou gás lacrimogêneo e spray de pimenta para apartar o conflito. No momento não houve nenhum detido e nenhum lesão grave nos envolvidos.

Após o jogo, os torcedores corintianos foram orientados a permanecer no estádio para posterior evacuação do local, em uma manobra comum em casos de encontros de torcidas. No entanto, minutos depois, sem nenhuma explicação, começaram a ser liberadas apenas as mulheres e as crianças. Pelo menos 3 mil homens foram mantidos no local e obrigados a tirarem a camisa e permanecerem com a coluna reta e olhando pra frente, segundo um dossiê sobre o caso, organizado por familiares e advogados.
Entre eles, a polícia selecionou 69 pessoas, que teriam sido reconhecidos por cinco policiais com base em supostas análises de imagens da TV, segundo o depoimento prestado posteriormente pelos policiais, que está contido nos autos de prisão em flagrante. As imagens, no entanto, nunca foram divulgadas. Todos se encaixavam em um suposto biotipo: acima do peso, com barba e com tatuagens.
“Nas imagens que dão suporte ao auto de prisão em flagrante, somente quatro torcedores são identificados e nominados, portanto, 27 dos 31 que estão presos não aparecem nas imagens. Isso torna inadmissível, repleto de vícios e plenamente nulos os depoimentos apresentados pelos supostos agentes garantidores de lei e da ordem”, diz o dossiê. “Ressalte-se o método de tal seleção, ocorrida após uma hora do término do jogo, ou seja, cerca de três horas após o confronto.”

Tortura

Os selecionados foram levados a uma área interna do estádio, sem monitoramento de câmeras de segurança, e submetidos a uma intensa sessão de torturas físicas e mentais, como afirma o documento. Um deles teve o nariz quebrado por policiais. Vitor Hugo quebrou um dente e levou um golpe no ouvido que deixou sua audição prejudicada por alguns dias. Havia hematomas em suas costas.
“Ele apanhou muito e ninguém me explicou de onde vinham aquelas marcas de pancadas”, disse a mãe do jovem. “Há um são paulino com ele na cela, que foi ao jogo para conhecer o estádio com o tio. Meu filho não conhecia nenhuma dessas pessoas. Um deles chegou em cadeira de rodas, de tanto que apanhou.”
Ainda no estádio, quando os detidos foram conduzidos à área sem monitoramento, os policiais diziam: “Sabem pra onde vocês vão? Para Bangu… Sabem o que acontece em Bangu? Coincidência, muita coincidência… Lá as pessoas escorregam e quebram um braço, uma perna…”/ “A gente quer pegar os animais, os que gostam de bater em polícia, porque os gaviões gostam de bater em polícia…”/ “O Carandiru é aqui!”, segundo relatos reunidos no dossiê.torcedor cabeça machucada.jpg

Torcedor teve cabeça ferida pela polícia após sessão de tortura
Os 69 detidos foram levados para um complexo da polícia civil chamado Cidade da Polícia, na zona norte da capital fluminense, sem poder se comunicar com as famílias e sem assistência de advogados, que foram impedidos de entrar no local mesmo depois de devidamente identificados. Eles prestaram depoimento para o delegado Felipe Santoro da Silva, que estava de plantão. “Incrivelmente, todas as versões registradas neste momento, de policiais e detidos, possuem conteúdos idênticos. Saldo da ‘investigação’: 38 soltos e 31 seguiram presos”, diz o documento.
“Eles foram efetivamente torturados, há provas disso. Um garoto teve a cabeça aberta”, disse Gustavo Proença, advogado de Vitor Hugo, que informou que a juíza mandou um ofício para a corregedoria de polícia sobre as agressões praticadas, mas ainda não houve resposta.
Os torcedores foram mantidos encarcerados por 20 horas, sem alimentação, higiene ou assistência médica, o que caracteriza, segundo o dossiê, “continuação da prática de privações e tortura”. Após a prisão em flagrante, registrada em 24 de outubro, às 8h26, seria realizada uma audiência de custódia, como prevê a lei, às 14h do mesmo dia. No entanto, o comboio de presos só chegou ao Fórum às 17h, limite do expediente, sem atraso justificado pela polícia.
Os presos foram então levados para Bangu 10, onde puderam fazer uma refeição e ter acesso à higiene pessoal pela primeira vez desde a prisão, ocorrida 20 horas antes. Na audiência, realizada no dia seguinte, a juíza Marcela Assad Caram determinou a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, sem individualizar as acusações.
“Eles estão em prisão preventiva há quase 40 dias. Não tem por que manter um preso por tanto tempo sem provas. Um mês já seria uma excrecência no processo penal”, defendeu Proença. Um dos detidos estava em tratamento para câncer de pele que foi interrompido, pondo em risco sua saúdetrocedor nariz quebrado.jpg

​​​​​​​Jovem teve nariz quebrado pela polícia
A magistrada determinou também a realização de exames de corpo de delito, em razão dos diversos indícios de tortura, mas até hoje (1º) os advogados não tiveram acesso ao laudo final. “A decretação de prisão preventiva deve ser a última medida a ser adotada, cabendo outras medidas alternativas ao cárcere”, criticam advogados no dossiê.
De acordo com a decisão judicial, “os fatos apresentados ganharam grande repercussão social, de modo que a liberdade dos acusados, ao menos neste momento do processo, certamente colocará em xeque a credibilidade da justiça e do poder judiciário”.
“Cabe novo questionamento: por que até agora as autoridades policiais ainda não apresentaram nos autos do processo as imagens das câmeras de segurança do estádio?”, questiona o dossiê. “Talvez porque as mesmas comprovem inclusive as agressões praticadas pelos policiais nas arquibancadas, conforme divulgado pela mídia alternativa, ou ainda por serem as provas cabais para absolvição sumária da maioria dos detidos.”