domingo, 29 de julho de 2012

Não há dissidência: São porcos por sua livre e expontânea vontade.....

Esclarecendo: Razões históricas do ódio palestrino



Cabe uma revisita ao tema que frequentemente é debatido sem a devida informação histórica. Seria o Palmeiras o resultado de uma dissidência direta do Corinthians?

A resposta é “não”. No entanto, trata-se de um “não” complexo. No ambiente político da segunda década do Século 20, os dois clubes expressam diferentes concepções filosóficas nascidas na mesma colônia.

Ao contrário do que se possa imaginar, a Itália nunca teve coesão. Já na Roma antiga, havia forte inimizade entre “optimates” e “populares”. São estes primeiros, da elite conservadora, que combatem Julio Cesar, especialmente por seu empenho em conceder direitos às massas.

No ambiente político da segunda metade do Século 19, a Itália é um país profundamente dividido e confuso. A rigor, a Itália unificada moderna surge somente em 1861, quando Vittório Emanuelle II de Savoia converteu-se em soberano.

É época de furioso debate político. No cenário do Risorgimento, o pensamento político do carbonário Giuseppe Mazzini não é marxista, mas é republicano e, em teoria, progressista. O país unificado, ao contrário, ganha um soberano, da Casa de Savoia.

A Itália cultiva ódios seculares. Em 1868, por exemplo, um jovem de 14 anos protesta contra a injustiça social numa carta raivosa enviada ao rei. Pela “insolência”, acaba preso. Seu nome é Errico Malatesta.

Esse revolucionário precoce adere ao anarquismo já em 1871. É um dos mais dedicados militantes da causa. Nos anos seguintes, trata de disseminá-la também entre os italianos que emigravam para as Américas.

Cabe dizer que no fim do Século 19 havia desemprego e fome na Itália. Durante décadas, muita gente foi simplesmente “exportada” como mão de obra barata. O objetivo do governo era aliviar-se do excedente populacional.

A contratação desses trabalhadores atendia aos interesses do capitalismo nascente nas Américas. No Brasil, o povo da bota substituía os negros nas senzalas, em situações análogas, trabalhando duramente para os barões do café.

Os militantes ítalo-anarquistas foram os primeiros a protestar contra o sistema de exploração do trabalho imigrante. Na aurora do Século 20, a colônia é fortemente influenciada pelos escritos de Oreste Ristori e Gigi Damiani, que escreveram em jornais como o La Battaglia e se dedicaram à criação de escolas libertárias.

Na capital paulista, o movimento anarquista influencia fortemente os trabalhadores da indústria nascente, de modo especial em bairros como Lapa, Bom Retiro, Brás e Belém.

Cabe lembrar que parte dos imigrantes da “bota” já era, desde a década de 1890, influenciada por ideias conservadoras e nacionalistas dos “fasci”, grupos de doutrinação política que atuavam em várias cidades italianas.

Nas primeiras décadas do século passado, o pensamento de extrema-direita, autoritário e violento, amadurece numa Itália empobrecida e dividida. Vale destacar que o fascismo adquire solidez doutrinária já em 1919, por meio dos escritos e da ação de propaganda de Benito Mussolini.

Essa corrente tem, entre outras características, uma ideia de suprematismo. São italianos saudosos da glória romana, quase sempre praticantes da xenofobia, mesmo quando vivem em outros países.

O Sport Club Corinthians Paulista nasce fortemente influenciado pelas ideias anarco-humanistas. A rigor, muitos intelectos anarquistas viam o futebol como elemento de alienação. No entanto, incentivavam qualquer ação que gerasse protagonismo das massas trabalhadores, mesmo na área do esporte.

Afirma-se que Michelle (Miguel) Bataglia, nosso primeiro presidente, teria aprendido sobre a doutrina anarquista no período em que trabalhou na empresa de energia Light, nos primeiros anos do Século 20.

Bataglia pronunciou a frase que nos define: “o Corinthians vai ser o time do povo, e é o povo que vai fazer o time”. Trata-se de “ação direta”, princípio libertário segundo o qual o cidadão deve atuar de forma prática para aprimorar a sociedade. Essa é a busca de protagonismo defendida pelos ítalo-anarquistas.

Nesse segmento da comunidade ítalo-brasileira via-se já presente o apreço pela diversidade, pela miscigenação e pela universalização de direitos.

O projeto de fundação já exibe essa característica. Não importa a raça e o credo do associado. O objetivo é criar uma experiência transdisciplinar (os fundadores já falavam em bibliotecas) de inclusão e compartilhamento de experiências.

O Palestra Itália surge em 1914, supostamente orgulhoso da performance do Pró-Vercelli e Torino, agremiações que excursionaram pelo Brasil. O objetivo claro é criar um grande clube que congregue e represente a colônia italiana da cidade.

Entre os fundadores, destacam-se funcionários da Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. A primeira camisa do time tem como símbolo a cruz de Savoia, em homenagem à monarquia italiana.

Com o tempo, a influência dos diretores do conglomerado Matarazzo faz com que o clube atraia ítalo-brasileiros associados a outros clubes.

Cabe lembrar que, em 1920, a aquisição do campo de futebol e do terreno do Parque Antarctica somente é possível por meio de pesado investimento da própria Companhia Matarazzo.

As diferenças estão, portanto, expostas. O Corinthians é um clube de trabalhadores diversos, não somente operários, com forte influência do movimento anarquista e do pensamento de esquerda. É, por natureza, simpático à miscigenação cultural.

O Palestra Itália congrega operários e também figuras proeminentes da comunidade, especialmente no segmento industrial. Há um viés conservador, especialmente no grupo dirigente. A proposta é preservar identidades e estabelecer uma genuína representação da comunidade italiana.

O primeiro gol do Corinthians foi marcado por Luigi Salvatore Fabbi, italiano de Parma, no campo do Bom Retiro, em partida contra o Estrela Polar, em Setembro de 1910. Em 1914, Fabbi transferiu-se para o Palestra Itália.

O primeiro gol do Palestra Itália foi anotado em 1915, por Bianco Spartaco Gambini, em jogo contra o Savoia. O jogador atuaria pelo clube por 17 anos. Cabe lembrar que Bianco jogou pelo Corinthians em 1914. Foi campeão paulista. Como capitão, foi o primeiro atleta a levantar a taça pelo alvinegro.

Ao lado de Neco, Amilcar foi o grande destaque do Corinthians em seus primeiros anos, pelo qual jogou de 1913 a 1923. Depois, também transferiu-se para o rival, no qual fez 100 jogos, entre 1924 e 1930.

Parte desse processo de migração se explica pelo golpe de 1915, quando o Corinthians se desligou da Liga Paulista de Futebol para se filiar à Associação Paulista de Esportes Atléticos. A liga da elite, entretanto, não inscreveu o clube dos operários e o deixou de fora do torneio.

Neste ano, portanto, o Corinthians ficou de fora dos dois torneios paulistas, o que explica o reforço concedido ao Palestra. Cabe salientar que, na época, era comum que um mesmo jogador defendesse duas ou mais equipes. Era o caso dos atletas do Botafogo, que compunham a base do primeiro esquadrão corinthiano.

No caso de Bianco, acredita-se que a transferência tenha origem no interesse da família Gambini em participar de um clube exclusivo da colônia. A questão de Amílcar está ligada, afirma-se, a problemas da família Barbuy com a direção corinthiana da época.

De fato, portanto, não há qualquer desmembramento no Corinthians que valide a teoria de que uma dissidência direta criou o principal rival. Nos primeiros 20 anos de Corinthians, a presidência foi ocupada várias vezes por ítalo-brasileiros, como Bataglia, Magnani, Giacominelli, Cassano, Tipaldi e Collona.

É certo, porém, que já ao final da segunda década do Século 20 gerou-se um clima de antagonismo entre os dois clubes, alimentado também por visões de mundo divergentes.

Se muitos corinthianos participaram da greve anarquista de 1917 (vide eventos do jogo contra o Ypiranga, em 22 de Julho daquele ano), há evidências de que o Palestra seguiu rumo contrário, especialmente por contar com o apoio financeiro das indústrias Matarazzo.

Com o advento do fascismo, as diferenças de pensamento se tornaram mais claras. Para muitos, Mussolini era a Itália, e a Itália no Brasil era representada pelo Palestra.

Embora não exista registro de baixas oficiais entre os associados alvinegros, não há dúvida de que algumas famílias, originalmente simpáticas ao Corinthians, acabaram aderindo à proposta do exclusivismo itálico.

Com o passar do tempo, mantiveram-se as divergências de pensamento, enquanto crescia a rivalidade nos gramados. Este, entretanto, tem por objetivo lançar luzes apenas sobre os primórdios dessa disputa que vai muito além do futebol. O resto rende um livro inteiro.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Polícia X Sociedade Civil

sábado, 21 de julho de 2012

Polícia está medindo forças com a sociedade. Agora, SP inteiro virou um Pinheirinho!

Precisava escrever um post falando de violência policial.
Vou tentar fazer isso com algum cuidado, escolhendo bem as palavras.
Confesso que sinto medo da Policia de São Paulo. Afinal de contas já fui vitima de violência policial da maneira mais torpe e gratuita, sofrendo ameaças durante um tempo por resistir e denunciar o ocorrido.
E não sou único. Conheço muita gente que diz sentir mais medo da policia do que do bandido. Talvez isso seja um exagero, mas para esta frase se tornar coisa comum nas ruas da cidade é porque as coisas chegaram no limite.
Embora seja sociólogo, não sou teórico do assunto. Existem intelectuais com estudos muito interessantes sobre o tema que poderiam colaborar com muito mais qualidade.
Quero manifestar meu respeito aos policiais honestos, honrados e corajosos que enfrentam perigos cotidianos e não são reconhecidos de maneira adequada pelo governo. Tenho gente na família que trabalha na corporação e admiro muito o empenho e honestidade.
Porém não vou aqui tratar dos indivíduos, mas da estrutura.
Que a policia sempre foi violenta não é novidade para ninguém.
Que torturou, matou, escondeu cadáveres e ofereceu serviços históricos a alguns ditadores que governaram este país, existem documentos nos arquivos públicos e nas universidades para comprovar.
Mas neste último período, o Governo do Estado de São Paulo, por meio de sua policia, não tem feito esforço algum para esconder o seu viés autoritário.
Tendo em vista o comportamento recente da policia de São Paulo, fica a impressão que ela está medindo forças com a sociedade civil.
A recente mobilidade social neste país não ocorreu sem causar resistências e ressentimentos.
A hierarquia de classes e os velhos privilégios parecem estar sob ameaça e geram resistência.
Se o Brasil não conseguiu ainda oferecer aos seus cidadãos condições reais de vida digna com acesso aos principais direitos sociais, a diminuição da desigualdade, ainda que tênue, vem impulsionando mudanças definitivas na nossa sociedade.
A entrada de milhões de brasileiros no mercado de consumo talvez tenha sido a mudança mais notável.
No entanto, existe uma mudança gigantesca que pouca gente se deu conta. É muito difícil de captar porque ela ainda esta no campo do imaginário desta gente.
A igualdade social se tornou um valor cada dia mais presente na vida das pessoas.
Do nosso jeito, cheio de contradições e imperfeições, estamos construindo um novo país. A sociedade brasileira está em ebulição. Se ainda não se trata de uma ebulição política, ao menos estamos vivendo transformações sociais e culturais que inevitavelmente irão refletir no desenho de nossas instituições.
E isso causa arrepio na elite conservadora!
Quando digo que o Estado de São Paulo colocou a policia para medir forças com a sociedade, é porque funciona assim: do lado deles estão os "cidadãos de bem", inevitavelmente pacatos, satisfeitos e silenciosos. Do lado de cá está a massa crítica perigosa. São todos maconheiros, sindicalistas, viados, vagabundos, favelados, traficantes, torcedores organizados, invasores de terra, grevistas, ciclistas, camelôs, detentos, bêbados, boêmios, artistas de rua, professores, arruaceiros, estudantes, vândalos, etc.
E os conservadores sorriem satisfeitos quando a policia desce o porrete em todos estes grupos indesejáveis para o caráter pacifico e ordeiro do nosso estado.
Seja na ocupação da USP, na repressão às manifestações pacificas, na provocação gratuita em eventos sociais ou até mesmo na comemoração das torcidas por seus raros campeonatos conquistados a ordem é sempre a mesma, demonstrar força e impedir esta sociedade de respirar, conviver e acreditar em si mesma.
Ao promover o chefe da operação no bairro do Pinheirinho à Comandante Geral da Policia de São Paulo, o senhor governador deu mostras claras do que ele pretendia para a nossa polícia.
Portanto, escrever cartas de desculpas depois que esta policia executa pessoas inocentes não passa de dissimulação.
O governador anunciou que irá indenizar o empresário morto no Alto de Pinheiros, fuzilado pela policia dentro do seu carro.
Nada mais justo, porém insuficiente para reparar a perda de sua vida.
Mas chega a ser curioso o caráter dessa gestão tucana. A morte de um empresário de classe média alta merece o pronto reconhecimento do estado e pagamento de um valor compensatório. Já a morte cotidiana dos "pretos, pobres e putas" (PPP), sequer merece um pedido de desculpas. Seria porque suas vidas já não valiam nada mesmo, para merecimento de uma indenização?
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A busca do povo brasileiro por igualdade e justiça social é um caminho sem volta.
Este povo nunca mais irá aceitar ser tratado como gado. Se a violência policial existe, como sempre existiu, chegou a hora dela deixar de existir. A sociedade não admite mais este tipo de comportamento.
Os poderosos deverão aprender a estabelecer outro tipo de relação com seu povo. O mapa político brasileiro está mudando rapidamente e a força política que não se adaptar, irá desaparecer.
Uma população não deve temer sua polícia, mas respeitar e se sentir protegido por ela.
Durante um grande período, a polícia cumpriu a ingrata tarefa de ser o braço do Estado em locais onde não existiam instituições. Foi a principal mediadora de conflitos e regulação das relações entre indivíduos.
Mas estamos em outro patamar agora. O Brasil não precisa de mais policia, precisa de instituições equivalentes ao nosso momento histórico. Precisamos de justiça, não de porrete.
Estamos em 2012. A ditadura acabou há quase três décadas. A presidenta do Brasil já foi um dia  presa e torturada.
Se a Policia de São Paulo continuar medindo forças com a sociedade irá perder! Estão fazendo tudo errado e a história está aí para nos dar exemplos claros.
Agora, São Paulo inteiro virou um Pinheirinho!

Loucura, como saber o que é certo?

Governo e mídia atacam grevistas



Por Altamiro Borges

O governo Dilma até parece que segue as orientações da mídia privada para endurecer no trato com os servidores em greve – nas universidades federais há mais de dois meses; em outras repartições públicas, há um mês. Nesta semana, o Palácio do Planalto adiou novamente a apresentação de uma proposta de reajuste salarial para o funcionalismo. Esta postura arrogante irritou ainda mais os cerca de 10 mil grevistas que realizaram um tenso protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na quarta-feira (18).
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável pelas negociações, é uma das mais inflexíveis no trato. “O governo continua protelando, sem proposta, engessa a discussão e provoca tensionamento”, critica Pedro Armengol, coordenador do setor público da CUT. Sérgio Ronaldo, dirigente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), também condena a falta de sensibilidade. “Estamos cansados de participar de reunião para ouvir a mesma coisa, sem proposta. Isso leva a um conflito”.

Novo protesto das centrais

Na prática, o governo enrola nas negociações e aposta no esvaziamento da greve. O Palácio do Planalto avalia que a decisão de cortar o ponto dos grevistas e a ameaça de acionar a Justiça contra a legalidade do movimento resultarão no retorno ao trabalho. Até agora, porém, a paralisação tem crescido em vários ministérios e órgãos federais e mantém a força nas universidades. Como decorrência, aumenta o desgaste político da presidenta Dilma. Até os tucanos tem se aproveitado oportunisticamente da greve.

Um novo protesto unitário já foi marcado pela CUT, CTB e Conlutas para 2 de agosto. As centrais não aceitam a desculpa da falta de verba para atender as reivindicações do funcionalismo. “O governo não negocia e alega que não há recursos, mas direciona a maior parte do PIB [Produto Interno Bruto] para os banqueiros, com o pagamento dos juros das dívidas, e para as indústrias, por meio da isenção de impostos, entre outros benefícios", critica José Maria de Almeida, dirigente da CSP-Conlutas.

O discurso antissindical da mídia

Enquanto se isola entre os servidores, a presidenta Dilma recebe os aplausos da mídia privada. Em editorial, o Estadão aconselhou o governo a não “perder o controle da situação”. “Ao exigir do governo aumentos financeiramente insuportáveis em quaisquer situações, mas especialmente agora, em razão da notória desaceleração da economia provocada pela crise mundial, os servidores em greve tentam impor custos adicionais aos contribuintes empregando a força da paralisação de serviços públicos”.

No mesmo rumo, o jornal O Globo, também em editorial nesta semana, elogiou a postura firme da presidenta, que “enfrenta as corporações sindicais atuantes no funcionalismo... Acostumadas às benesses obtidas na gestão Lula, categorias de servidores querem continuar a avançar sobre o Orçamento. Não é apenas inapropriada a conjuntura econômica para fazer um emparedamento sindical do Planalto. Também os números frios das folhas de salários não o justificam”.

A maldição do superávit primário

Para a famiglia Marinho, as greves no funcionalismo apresentam reivindicações “irreais” e põem em risco o “equilíbrio fiscal”, já fragilizado “devido ao choque em várias despesas (Previdências, linhas assistencialistas) causado pelo grande aumento do salário mínimo... Se o governo fraquejar diante da pressão sindical, o quadro ficará mais grave”. Ou seja: mídia e governo atacam as greves contra o arrocho com o único objetivo de preservar a maldição do superávit primário, a reserva de caixa dos banqueiros.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Blog Rafael Castilho /

A felicidade é igual a um café passado na hora




Peço a licença para falar sobre felicidade.

Ou sobre o café passado na hora.

É muito piegas (eu sei) e muitas vezes são irritantes as teorias sobre felicidade. Principalmente quando o assunto foi saturado pela indústria da “autoajuda”.

Mas o fato é que eu também tenho direito a destilar a minha cota de mediocridade vez por outra. Ou vez em sempre, sei lá.

A felicidade é igual a um café passado na hora.

A gente pode sentir seu cheiro quando ela está por vir.

Tal qual o café preto passado na hora, a felicidade é muito mais gostosa quando compartilhada. Até acontece de a gente passar um café exclusivamente para si mesmo. No entanto, ele adquire outro sabor quando dividido com as pessoas que bem queremos.

O café passado na hora é um gozo quase que instantâneo. A felicidade também. Logo mais ele vai esfriar e gradativamente perdendo seu sabor.  

A gente pode conservá-lo na garrafa térmica para aumentar a duração do seu calor. E assim devemos fazer também com a felicidade. Protegermos ao máximo, prolongando seu sabor, sempre com a memória daquela primeira xícara tão gostosa, deixando a garrafa térmica sempre ao alcance, até que ela se esgote.

Muitas vezes, o café que fica na garrafa térmica nem acaba. Somos nós que nos damos conta de que aquela felicidade ali já perdeu seu sentido e devemos partir para a próxima.

E aí reside uma situação muito importante. Termos a certeza que um novo café certamente virá.

No intervalo entre os cafés, às vezes sentimos sua falta. Ainda que não se dê conta disso, mas o recesso pode até trazer desespero para alguns.

É difícil começar um dia sem café. Encarar a vida cotidiana sem alguma felicidade.

Mas é bem verdade que tomar café o dia inteiro pode fazer muito mal para a saúde. Você pode até prepará-lo a todo o momento, mas certamente sofrerá algumas consequências futuras.

Aquele café instantâneo do supermercado pode até cumprir o seu propósito vez por outra, mas certamente não será a mesma coisa.

Melhor mesmo é esperar sem desespero. Não se pode ser feliz o tempo todo e se forçarmos a barra pode ser fatal.

Fugir do tédio a todo custo é uma grande armadilha.

Eu alertei. já no começo deste texto, que ele caminharia rumo à “pieguisse” e que o leitor correria o risco de perder seu tempo na areia movediça da autoajuda.  Então não reclame se chegou até aqui.

Mas saiba que logo mais um café fresco será passado, perfumando toda a sua casa. Certamente ele não vai durar o tempo todo. Mas quem disser que vive o tempo todo na plenitude da felicidade é um grande mentiroso.

Melhor mesmo é ter a noção de que nada pode ser para sempre.

Que a felicidade é simples e barata como um cafezinho.  

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Carta Maior

11/07/2012

O filme dos nossos dias



A Espanha sangra. Como um touro ajoelhado na arena, suas ventas pulsam de cansaço e dor. Quinze dias após anunciar o maior arrocho orçamentário em tempos de democracia, o governo direitista do PP voltou à carga nesta 4ª feira para admitir que já não é governo, já não decide, tampouco tem o que dizer aos cidadãos, exceto que 'não há escolha: o teto anterior de sacrifício não foi suficiente, será preciso uma nova volta nas turquesas que comprimem as ventas da Nação.Foi o que balbucionou o premiê Mariano Rajoy ontem, antes de assumir o papel de porta-recados do Eurogrupo.

A direita entregou a soberania do país em troca de 30 bilhões de euros, ajuda carimbada para salvar os bancos da 4ª maior economia da UE e líder no pódium do desemprego. Bruxelas governa, Madrid obedece. As ordens são para elevar impostos, cortar salários públicos, reduzir o auxílio-desemprego, arrochar as aposentadorias, reestruturar a banca.

Nesta 4ª feira, por um instante, o animal acuado no qual o país se transformou renasceu nas ruas. Uma coluna de operários do carvão percorreu 400 kms desde as minas da Astúrias até Madrid, onde chegou pela manhã para protestar contra cortes em subsídios que praticamente condenam aqueles que vivem debaixo da terra à sepultura acima dela. Numa sociedade anestesiada pelo próprio desmanche, a chegada triunfal da coluna de mineiros da Astúrias foi ovacionada nas ruas por milhares de pessoas, como se fosse possível recontar a história desses dias a partir de um outro enredo.

Madrid saudou na 'marcha negra' a miragem daquilo que a crise sonega à Espanha e ao mundo após décadas de rendição ao neoliberalismo: a presença altiva de um partido capaz de reunir os cacos da sociedade e reordenar a economia e a democracia a favor de seus cidadãos. A entrada triunfal dos mineiros em Madrid lembra a cena de um filme romântico (leia reportagem nesta pág).

Diferente do cinema, na realidade áspera da crise, os mineiros e seus congêneres continuam deslocados num enredo em que o Estado não se impõe aos mercados, o capital privado não se dispõe a investir , as corporações não contratam e os partidos tradicionais da esquerda se comportam como coadjuvantes contemplados com uma única fala: 'Não há escolha'.
Postado por Saul Leblon às 22:31

terça-feira, 10 de julho de 2012

Muita controvérsia sobre a Revolução de 32


Há oitenta anos, os paulistas se levantavam contra o governo Vargas.
"Seu" Frias, combatente em 32 e em 64

O Conversa Afiada reproduz artgo de Mauro Santayana do JB online:

A FRUSTRADA DESFORRA PAULISTA E O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL



por Mauro Santayana

Todos os historiadores deveriam partir da advertência de Spinoza e buscar entender a realidade, antes de exercer a lisonja ou o ódio. Há oitenta anos, os paulistas se levantavam contra o governo Vargas, sob a bandeira da constitucionalização do país. Ora, o pretexto era frágil, uma vez que, em 14 de maio – três meses antes dessa insurreição armada – o governo provisório emitira o Decreto 21.402, nomeando  comissão de juristas, encarregada de elaborar anteprojeto de Constituição e marcando a data de 3 de maio do ano seguinte para a eleição dos delegados constituintes. O prazo de um ano era razoável, porque os membros da comissão necessitavam de tempo hábil para discutir a nova ordem jurídica, depois da ruptura da Revolução de 30.

Não era bem a falta de uma Constituição que estimulara São Paulo à rebelião, que vinha sendo preparada desde a vitória militar da Revolução Liberal, em 3 de outubro de 1930. O que açulava os paulistas era a desejada revanche contra a sua derrota. As elites de São Paulo, todas vindas das oligarquias rurais, não podiam engolir a capitulação militar de Washington Luís diante de tropas mineiras, nordestinas e gaúchas. Os altos quatrocentões, apoiados por vitoriosos imigrantes, que também viviam da exportação de café, sentiam-se como  junkers prussianos, acossados pela ralé de bárbaros. Apesar do relativo desenvolvimento da indústria manufatureira, promovido pelos imigrantes, as oligarquias rurais não queriam o desenvolvimento industrial do país, que as deslocaria de seu poder secular.

O sentimento de superioridade, que levara Washington Luís a insistir na continuidade de São Paulo no comando da República, induzira muitos dos chefes do movimento a pensar na independência do Estado, se sua hegemonia econômica não se confirmasse no comando político do país. Essa era uma das razões, mas havia outras, e mais importantes.

A ruptura da República Velha não fora  simples mudança de homens ou de partidos no poder, e muito menos  coligação de estados pobres, ressentidos contra a pujança econômica de São Paulo.  Getúlio, na plataforma  da Aliança Liberal, lida em janeiro de 1930, na Esplanada dos Ministérios, fora claro. O Brasil não poderia continuar um país vazio, só ocupado, desde o descobrimento, no litoral e em escassas manchas humanas no resto do território. A Guerra do Paraguai já nos alertara para a necessidade do intensivo povoamento do Centro-Oeste. O Brasil precisava sair do casulo conservador e dar empregos e vida digna a seu povo.

O confronto se fazia entre o pensamento renovador e a reação conservadora. Tanto é assim que, em Minas, o partido dos aliados das oligarquias paulistas se identificava, sem embuços, como sendo a Concentração Conservadora. Nomes importantes de Minas, conduzidos por motivos diferentes, estiveram com São Paulo, não só em 30, como em 32,  entre outros Artur Bernardes e Fernando Mello Viana. E no Rio Grande do Sul, também. No caso, mesclavam-se os interesses  pessoais e as questões políticas internas.

Tanto foi assim que os primeiros tiros da Revolução de 30 foram disparados em 6 de fevereiro de 1930, em  Montes Claros – terra de Darci Ribeiro, é bom anotar.  O tiroteio começou quando uma caravana conservadora, chefiada pelo então vice-presidente da República, o mineiro Mello Viana, passou diante da casa de João Alves e sua mulher, dona Tiburtina, e houve os disparos. A versão mais conhecida é a de que o primeiro tiro partiu do grupo provocador, e foi respondido pelos  partidários da Aliança Liberal, que se encontravam no sobrado. Ali morreram seis pessoas e Mello Viana escapou por pouco – uma bala atingiu-lhe levemente o pescoço.

Getúlio pretendia a industrialização do país e justiça social para com os trabalhadores. O mundo começava a mudar, depois da Revolução de Outubro, na Rússia, e os desafios da Depressão iniciada meses antes, com a queda da Bolsa em Nova Iorque. Em 1930, no governo do Estado de Nova Iorque, Roosevelt iniciaria a sua política social e econômica que o levaria em 1932, à presidência e ao New Deal. Roosevelt e Getúlio estavam na mesma estrada. Em contraponto à política de solidariedade para com os trabalhadores, Washington Luís definia a sua posição, ao afirmar que “a questão social é apenas um caso de polícia”.

Infelizmente, ao que parece, os oligarcas paulistas – e seus representantes na política atual – não entenderam até hoje as razões dos revolucionários de 30. Continuam com a mesma posição que tiveram em julho de 1932. O ódio contra Getúlio e o seu governo – que, pela primeira vez via o povo como protagonista da História -  permanece até hoje. Não há, em São Paulo, uma ruela qualquer com o nome do grande presidente. Não é por mero exercício retórico que Fernando Henrique Cardoso decretou, sem consegui-lo, “o fim da era Vargas”. Foi por convicção.

Não fazemos a apologia de 1932, nem lhe temos ódio, mas procuramos entender o movimento dos revolucionários paulistas como um gesto que, tendo sido de arrogância contra o Brasil (não nos esqueçamos de seu lema, non dvcor, dvco), foi importante para o desenvolvimento político e econômico do nosso país. Sem seu movimento, não teríamos a consolidação revolucionária do governo provisório, nem o projeto nacional de Vargas, que promoveu a industrialização do país, a participação do Brasil na Guerra e o fim do mito conformista de que deveríamos ser sempre um país essencialmente agrícola, eterno exportador de café e açúcar.

Ora, São Paulo foi o Estado mais beneficiado com a política industrial de Vargas. Como disse Delfim Neto ao jornalista Leonardo Attuch, São Paulo não perdoa a Getúlio o bem que ele fez a São Paulo.

E como a História é feita pelos homens e para os homens, não teríamos, sem a guerra paulista,  tido a carreira política de Juscelino, que, sucedendo a Vargas, deu o grande salto para a afirmação do Brasil no mundo. Como se sabe, foi combatendo os paulistas, no Túnel da Mantiqueira, que o capitão médico se tornou político. 

E tampouco nos devemos esquecer que os paulistas, derrotados em 32, afinal, ganharam, em 64, quando muitos de seus empresários, reunidos no IEPES, aliaram-se aos militares para derrubar Jango. Eles se mantiveram no poder, diretamente ou pelos seus delegados, até a restauração democrática de 1985.

Quando a repressão se exacerbou em São Paulo – e foi exercida pelo Doi-Codi e pela Oban (Operação Bandeirantes),  financiada por grande parte daquele grupo de empresários – muitos dos que tombaram não tiveram o privilégio de cair em pleno combate, como o tiveram os mortos em 30 e em 32. Só Deus e os torturadores sabem como eles pereceram.

O povo paulista começa a desvincular-se das elites, e a autonomia de sua ação política, na solidariedade com os brasileiros de todas as regiões, é a argamassa necessária à autêntica coesão nacional.

Blog do Will2S


TERÇA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2012

Pra quem vai, só agradecimentos e que seja feliz!

Castán vai jogar no Roma (ITA)
Após a conquista da Libertadores e com a janela de transferência aberta, é grande a lista de jogadores cogitados a deixarem o Corinthians. Ninguém gosta de um possível desmanche, mas fazer o que? Quando jogador que sair, não há quem segure.


Leandro Castán: foi vendido pra Roma por R$ 13 milhões. O SCCP tinha 100% dos seus direitos econômicos; 
Ramon: foi emprestado ao Flamengo por uma temporada. Seu contrato com o SCCP vai até junho de 2015; 
Willian: foi vendido Metalist, da Ucrânia, e os valores ainda não foram revelados. O SCCP tem direito a 20% do lucro sobre a venda, sendo que ele foi comprado por $ 1 milhão; 

Paulinho: é a bola da vez, vários times querem levá-lo, a maioria da Europa. Os direitos econômicos do jogador estão divididos em 10% do Bragantino, 45% do Audax - do Grupo Pão de Açucar -, e outros 45% do BMG; 
Gilsinho e Ramirez: devem ser emprestados pro Sport - PE; 
Liédson: segue sendo uma incógnita. O jogador parece ter o desejo de continuar e a diretoria de não renovar; 
Chicão e Alex: cogita-se que ambos também receberam propostas.

 
Paulinho pode ser mais um a sair
Se a proposta é boa pra ambos os lados, as vezes é melhor vender e deixar todo mundo feliz. Vejam o Dodô, por exemplo, ele foi de graça pra Roma. Teria sido melhor o Corinthians ter aceitado a oferta de R$ 17 milhões do Manchester United em 2009. Não vendeu e agora ficou só com 20% dos direitos econômicos em caso de uma futura venda. 

Enfiam, estes jogadores que estão saindo ou são cogitados a sair não devem nada ao Corinthians, assim como o Corinthians também não deve nada a eles. Fizeram seu trabalho, honraram o manto, conquistaram títulos. O Corinthians pagou-os em dia e pagou bem, além de ter dado toda a estrutura ideal pra trabalharem. Assim, e até por gratidão de ambas as partes, sou a favor que o Corinthians não crie barreiras pra quem deseja sair. Que fique os que desejam ficar e que têm vontade de continuar fazendo história no SCCP. Quem sair, sai deixando uma porta aberta e que vá ser feliz onde desejar.

Até por isso, muitos jogadores saem do Corinthians como torcedores. Elias, Cristian, Ronaldo, entre outros,  não escondem seu lado torcedor pós Corinthians. Ruim é ver um Ricardinho, Felipe ou Adriano da vida por aí.
Willian vai jogar no Metalist (UCR)

Tem sido assim nas recentes administrações, jogadores saindo com uma enorme gratidão, isso é bacana! É bom pra imagem do SCCP.

Saem alguns, mas uma base é mantida. É o Timão seguindo sempre forte. Jogadores que antes eram peças fundamentais saíram e mesmo assim o time manteve uma base forte. Saiu André Santos, William, Cristian, Elias, Jucilei, Dentinho, Ronaldo. 
   
Levou um tempo pro time se adaptar, é verdade, mas com a janela de transferência antecipada - antes era de 1 a 31 de agosto, este ano foi alterada de 20 de junho a 20 de julho -, isso acaba sendo bom, pois o Corinthians ganha tempo mais tempo pra preparar a equipe durante o Brasileiro.

Se perdermos um titular por setor, não considero uma grande perda. O elenco é bom, e com certeza reforços chegarão. Quem sabe também não pinte mais oportunidades pros jogadores vindos das categorias de base, com certeza tem jogador bom parado no Timão.    
 
Fica aqui um MUITO OBRIGADO a estes jogadores e o desejo que sejam felizes em seus novos clubes. Já estão na história e serão lembrados positivamente. Vai Corinthians.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

do blog "Chuta que é macumba"


05 Julho 2012

 

O amor venceu o ódio



Não à toa o Corinthians tem São Jorge como santo padroeiro: ambos são vencedores de demandas e retificadores de injustiças. A noite do dia 4 de julho de 2012 entra para a história do alvinegro como mais uma prova de que não há limites para o Timão. Por mais penduricalhos de puta que inventem para tentar diminuir sua gigantesca presença astral e física, o Corinthians derruba todas as barreiras que lhes são impostas só para fazer sua Fiel Torcida feliz. É, como diz Lourenço Diaféria em trecho do livro Coração Corinthiano destacado pelo irmão Filipe, um agrado:


"O Corinthians não conquista vitórias apenas para alimentar sua vaidade ou para fazê-las constar em manuais de história. O Corinthians busca o título para dá-lo ao Povo, como prova de carinho, como a corda mi do cavaquinho de Adoniran. O Corinthians conquista suas Glórias para que o Povo dê sentido à vida, e para que as pessoas simples descubram que a vida vale a pena"


Somos campeões de uma copa que só há pouco tempo começou a ter valia - mais precisamente e curiosamente quando perceberam que o Corinthians ainda não a havia conquistado - e vos digo: sorte dela. A Libertadores agora pode falar que tem o Corinthians. Mais ainda, ser campeão foi a comprovação de que quando demonstramos nada além que nosso amor pelo clube - em oposição àqueles que, desde 1910, nutrem inconformismo e ódio pelo triunfo do povo -, invariavelmente o Todo-Poderoso se impõe. Pela história, pela mística, pela camisa e pela sua torcida.


Comemore, Fiel! Desabafe e mande às favas todos os anos de piadinhas babacas e de manifestações desesperadas de gente que não entende o corinthianismo. Abrace cada corinthiano que cruzar o teu caminho, pois fraternidade é coisa boa para se espalhar pelo mundo e a missão do Corinthians também é essa. Faça oferenda a todos os guerreiros do passado que transmitiram a nós os ensinamentos para manter acesa essa chama que transcende a lógica e a racionalidade. E, principalmente, galhofe da falta de assunto do mundo a partir de agora. 


VIVA O CORINTHIANS! OBRIGADO, CORINTHIANS! PARABÉNS, FIEL!