sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Inácio Arruda comenta resultados das eleições

HASTA SIEMPRE COMANDANTE CHE GUEVARA - JOAN BAEZ

'Ah, mas votei na Dilma para o Kassab ser ministro?' A população deu a Kassab, pelo voto, o poder de controlar a quarta maior bancada da Câmara. O Psol, por sua vez, tem 5 parlamentares, menos de 1% do total

Não leve a mal, mas você votou para escolher, dentre duas opções, qual era a melhor (ou menos pior) para o país. Não foi votada a queda do capitalismo, o fim das trocas de cargos por apoios ou uma maior participação da população.
Aliás, o interesse da maioria dos políticos é justamente o contrário: menor participação popular. Nesta terça-feira 28 a Câmara dos Deputados derrubou o decreto presidencial que cria Política Nacional de Participação Social – que prevê mecanismos para acompanhar, monitorar, avaliar e articular políticas públicas. Foi uma “vingança” pela vitória de Dilma.
Foi só um aperitivo do que virá por aí. Teremos no Senado duros opositores como José Serra (PSDB-SP), Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), uma base aliada acostumada a trocar apoio por favores, como Fernando Collor (PTB-AL), Jáder Barbalho (PMDB-PA) e Blairo Maggi (PR-MT), e senadores "aliados" (assim, com aspas) como Ana Amélia (PP-RS) e Cristóvão Buarque (PDT-DF). Até o PSB inteiro, agora com Romário, estará na oposição.
Na Câmara, a situação também não será nada fácil. Não à toa, antes mesmo da posse dos parlamentares no dia primeiro de janeiro, este já vem sendo considerado “o pior Congresso eleito desde 1964”. A bancada da bala aumentou, os homofóbicos ganharam força, os ruralistas também cresceram e os partidos mais à esquerda, à exceção do Psol, perderam força. No que depender desse pessoal, o país ficará ingovernável até 2018, quando tentarão conduzir Aécio Neves ou Geraldo Alckmin à Presidência.
A própria reforma política, considerada uma solução universal para todos os males do sistema, dificilmente virá da forma defendida pelas 8 milhões de pessoas que assinaram o “plebiscito popular”, ou seja, com financiamento público de campanha e paridade de gênero nas cadeiras, entre outros temas de difícil aceitação pelos congressistas em geral.
Você acredita mesmo que os políticos eleitos vão mudar o sistema que lhes garante o poder? Algum deputado vai lutar, por exemplo, pelo financiamento público de campanha, sendo que já armado um eficiente esquema de financiamento privado que o colocou lá?
Uma reforma política com o mínimo de efetividade só virá com muita pressão popular e com um movimento muito mais organizado, claro e progressista do que o promovido pelos “Gigantes Acordou” da vida.
E aí, lamento, mas parte da culpa é sua. Acabamos de sair do processo eleitoral e boa parte das pessoas já se esqueceu em quem votou para deputado estadual ou federal. As regras do jogo político atual foram definidas por você, por meio do seu voto.
Isto posto, voltemos ao Gilberto Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que fundou o PSD, o mais novo e poderoso PMDB da praça. Ele é o presidente e o líder absoluto do partido com a 4ª maior bancada do Congresso, atrás apenas de PT, PSDB e PMDB. Tem ainda, de quebra, quatro senadores, dois governadores, dezenas de deputados estaduais e centenas de prefeitos e vereadores Brasil afora. Em um cenário no qual mais 6 partidos ganharam representação parlamentar –eram 22 e agora são inacreditáveis 28— como convencer essa turma a aprovar qualquer projeto?
A população brasileira deu a Kassab, por meio de seu voto, o enorme poder de controlar a quarta maior bancada de deputados federais. Logo, como ignorá-lo? E o que dizer do PMDB, a segunda maior força da casa, com 66 deputados?
Para garantir as mudanças constitucionais, como as previstas em qualquer modelo de reforma política, serão necessários três quintos dos votos. E um partido como o Psol, apontado como um exemplo de ética política e com ótimos parlamentares como Ivan Valente, Jean Wyllys e Chico Alencar, tem apenas 5 votos, menos de 1% dos 513 eleitos. E aí?
Vamos cair na real: o Marcelo Freixo não vai ser ministro da Justiça. O João Pedro Stédile não será o ministro do Desenvolvimento Agrário. E o economista Eduardo Suplicy não vai ser o ministro da Fazenda. E tudo indica que Kassab será, sim, ministro —pelo jeito, das Cidades.
Impedir a vitória de Aécio e seu grupo político e tudo o que ele representa foi uma importante vitória. O país barrou um grave retrocesso e sinalizou que aprova as mudanças que vêm sendo promovidas pelos governos do PT. Agora, para seguir rumo a uma sociedade mais justa e moderna, ainda há um longo trabalho pela frente. E o caminho passa por um debate político diário, maduro e que precisa ser feito á luz da realidade. Sem mimimi despolitizado.

O Brasil e as urnas Quem queria tirar Dilma Rousseff do poder, sepultar Lula e varrer o PT do mapa sofreu uma derrota vexaminosa por Marcos Coimbra — publicado 31/10/2014 05:42

Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Dilma e Lula
A vitória de Dilma Rousseff neste segundo turno encerra a mais longa e mais renhida disputa eleitoral da nossa história moderna
A bela vitória de Dilma Rousseff no domingo 26 encerra a mais longa e mais renhida disputa eleitoral de nossa história moderna. Estivemos a vivê-la nos últimos três anos. Logo após a curta fase de lua de mel com a presidenta, que mal chegou ao fim de 2011, nada aconteceu na política brasileira sem ter relação com a eleição concluída agora.
As oposições nunca perdoaram a ousadia de Lula em lançar Dilma como sua candidata à sucessão. Tinham certeza de que a derrotariam, apesar de conhecerem a popularidade do ex-presidente. Com a empáfia de sempre, julgavam que qualquer um dos nomes de seus quadros era melhor.
A derrota para Dilma doeu mais do que aquelas duas infligidas por Lula. Ela não era uma liderança carismática ou figura extraordinária. Perder para ela significava que poderiam perder outras vezes e que não era necessário um (ou uma) Lula para vencê-las.
Quando ficou evidente o fato de Dilma, ao longo do primeiro ano de governo, conquistar a simpatia da larga maioria da população, tornando-se uma presidenta com avaliação em constante crescimento, desenhou-se um quadro inaceitável para as lideranças antipetistas na política, na sociedade e nos oligopólios midiáticos conservadores. O desfecho que temiam era o ocorrido neste segundo turno: a sua reeleição e a continuação do PT no comando do governo federal.
Chega a ser cômica a queixa dos adversários dirigida à presidenta neste ano, chorosos da “desconstrução” sofrida na campanha. Em nossa história política, não houve uma chefe de governo tão sistemática e impiedosamente “desconstruída” quanto Dilma.
Em 2012, a oposição inventou o circo do julgamento do “mensalão”, transformando irregularidades eleitorais praticadas por lideranças do PT, absolutamente comezinhas na vida política brasileira, no “maior escândalo” da história brasileira. Com o apoio de figuras patéticas no Judiciário, fizeram um escarcéu midiático para atingir a imagem do partido, de Lula e, por extensão, da presidenta. Mal encerrado o capítulo anterior, procuraram nova estratégia para prejudicá-la. Desta feita, buscaram atingi-la em sua qualificação gerencial e mostrar a sua “incompetência”. A prova estaria no insucesso na luta contra a inflação.
A mesma orquestração utilizada para apresentar o “mensalão” como o “maior escândalo” de todos os tempos passou a ser feita para, a partir do início de 2013, convencer a sociedade de que vivíamos um surto inflacionário agudo e não a crônica inflação que nossa economia enfrenta desde 1994.
As manifestações de junho daquele ano, que começaram de forma legítima, caíram do céu como uma dádiva para as oposições conservadoras. Fizeram o possível para assumir seu controle e dirigi-las contra Dilma e o governo federal.
No início de 2014, julgavam preparado o palco para a derrota da petista, com a Copa do Mundo no centro da ribalta. O vexame de um fracasso retumbante na organização do evento seria a pá de cal.
Os pretensos entendidos em política foram afoitos ao decretar que Dilma estava fadada à derrota. Primeiro, ao acreditar que enfrentava níveis de rejeição impeditivos de qualquer possibilidade de sucesso. Segundo, ao supor haver na sociedade um “desejo de mudança” avassalador. Terceiro, ao acreditar na aniquilação do PT e sua militância depois da batalha do “mensalão”.
A vitória de Dilma Rousseff mostra que a maioria da população soube compreender as dificuldades enfrentadas por ela em seus primeiros quatro anos. Indica que a desaprovação decorria do bloqueio da mídia conservadora e que os eleitores não se dispuseram a substituí-la por um sentimento apenas negativo. Revela que a sociedade valoriza e preza o amplo conjunto de iniciativas colocadas em movimento pelos governos petistas desde 2003.
A vitória de Dilma é uma vitória dela e de seu governo, que chega ao fim da eleição com níveis de aprovação inferiores tão somente aos de Lula em seu segundo mandato. E é uma vitória do ex-presidente, que se renovou na eleição e se reafirmou como a maior liderança política de nossa história (aceitem ou não aqueles que não gostam dele).
E é uma grande vitória do PT, de seus militantes e simpatizantes. O partido sai fortalecido da eleição em um sentido muito mais profundo. O partido reencontrou o ânimo de sua juventude.
Quem queria tirar Dilma Rousseff do poder, sepultar Lula e varrer o PT do mapa sofreu uma derrota vexaminosa.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Restaurantes fechados, uso de poços…: 10 cenários da iminente falta total de água em São Paulo


Postado em 30 out 2014
Café na Vila Madalena: fechado
Café na Vila Madalena: fechado

A cada dia que passa a crise da água em São Paulo ganha contornos mais e mais dramáticos para os habitantes da região metropolitana.
Os relatos de desabastecimento se espalham e o segundo volume morto está com os dias contados.
Os índices de armazenamento dos sistemas Alto Tietê, Guarapiranga e do Alto Cotia, somados à baixa pluviometria dos meses de setembro e outubro, desenham um futuro próximo que assusta o paulistano: a seca.
Além do cenário crítico cenário, os recentes vazamentos de áudios da Presidente da Sabesp e seu diretor metropolitano sobre iminente da falta d’água só contribuem ainda mais para a insegurança do cidadão à espera do pior.
Dilma disse, numa conversa gravada, que a Sabesp não alertou os consumidores por “orientação superior”.
Diante da realidade que se anuncia sem o esperado dilúvio, o cidadão terá que se adaptar a uma nova realidade: viver sem o mínimo de água. Algumas mudanças que a cidade deverá enfrentar no próximo semestre:

  1. Atividades domésticas: lavar louça, roupas, asseio sanitário e banhos escassos já fazem parte do dia a dia em diversas regiões. A opção será o uso de descartáveis e buscar alternativas para o banho diário. Tendência de agravamento.
  2. Comércio: bares e restaurantes serão os mais afetados. Grandes centros de compras e lojas enfrentarão dificuldades para disponibilizar o uso do sanitário para consumidores. Demissões não estão descartadas.
  3. Indústria: as empresas que não disponibilizam tecnologias de reuso de água optarão pela redução de carga horária ou interrupção das atividades. Inevitável ajuste de quadros de funcionários.
  4. Ingestão: a realidade já bateu à porta. O aumento do preço da água engarrafada e de caminhões pipa para abastecimento coletivo é fato.
  5. Uso recorrente a poços e minas: rasos, artesianos ou profundos colocam em risco a saúde pública diante do conhecido histórico de contaminação do solo e das águas subterrâneas em todo o território da região metropolitana de São Paulo.
  6. Aumento de casos de doenças de veiculação hídrica: após anos de avanço na redução da mortalidade infantil, as conquistas do Plano Nacional de Saneamento estarão em risco face ao uso indiscriminado de qualquer água disponível. Crianças e idosos serão os mais atingidos.
  7. Lazer: inevitável interrupção de atividades em piscinas e clubes devido à demanda de reposição. Parques, praças públicas, cinemas, teatros restringirão o uso de banheiros.
  8. Serviços: lavagem de automóveis e lavanderias só a seco. Outros dependerão de poços profundos próprios.
  9. Educação: suspensão das aulas e interrupção do calendário de ensino.
  10. Horti-fruti: inevitável aumento no preço e redução da qualidade de produtos já estão em curso.

O que aproxima num futuro muito próximo tem protagonista: a estiagem, a má gerência da Sabesp e a incompetência do governo Alckmin para lidar com um bem escasso e coletivo, proporcionando um cenário que costumava estar restrito à ficção.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

quarta-feira, 29 de outubro de 2014 Os movimentos agressivos da mídia

Por Thiago Cassis, no site da União da Juventude Socialista (UJS):

Junho de 2013, após forte repressão policial por conta de uma manifestação contra o aumento equivalente a R$ 0,20 na passagem de ônibus em São Paulo, outras manifestações ainda maiores se seguem. A mídia prontamente passa a tratar os manifestantes como vândalos e desocupados.

A mobilização nas ruas cresce. A mídia, que não conseguiu colocar o povo na rua nem no episódio do “mensalão”, vê ali sua grande chance de pautar a população à sua maneira.

A ausência de direção das manifestações populares e espontâneas contribuiu para que a mídia tenha introduzido nas ruas a rejeição à PEC 37 e uma onda de insatisfação “contra tudo que está ai” que atingiu em cheio a juventude já descrente da política por conta da campanha diária que os grandes veículos de comunicação promovem contra a própria política e contra os movimentos sociais.

Dai em diante, os analistas da grande imprensa, que antes usavam termos como “vândalos” para se referir aos manifestantes, passam a elogiá-los com termos como “heroicos”. A Rede Globo chega a derrubar a programação do seu horário nobre para mostrar a população ocupando as ruas de todo o país. Ao invés de sua tradicional novela, que estipula até o horário das partidas de futebol no país, transmite manifestações e entre as imagens de caos nas grandes cidades, exibe à exaustão um comercial do PPS onde a dona de casa se revoltava com os preços no supermercado, sobretudo do tomate, que com a ajuda de programas matinais “inofensivos”, como “Mais Você”, da Rede Globo, se tornou um símbolo das tentativas da mídia de desestabilizar o governo através da economia.

Os gastos para a realização da Copa do Mundo também são amplamente utilizados pela oposição nas ruas. A aprovação da presidenta sai abalada de junho. Segundo a Folha de S.P., a aprovação que era de 57% na primeira semana de junho de 2013, cai para 30% após a onda de manifestações. A série de protestos derrubou em 27% a aprovação da presidenta.

Se caminhávamos para uma reeleição tranquila, agora as coisas se mostravam mais difíceis.

Em novembro, um novo espetáculo midiático. Articulada para o dia 15, feriado da Proclamação da República, a prisão dos condenados do caso Mensalão. José Dirceu e Genoíno eram presos com direito a transmissão ao vivo na TV. Outro forte abalo na popularidade do governo e novo ataque frontal a política em geral. O então presidente do STF, Joaquim Barbosa, que se tornou uma figura popular por conta da construção midiática em torno do julgamento do próprio mensalão, se torna símbolo de justiça, e nem um visivelmente abalado Genoíno, faz com que a mídia diminua seus ataques. O desgaste da política foi enorme. O coro dos que são “contra tudo que está ai” era mais forte do que nunca.

Nos primeiros meses de 2014 a mídia ainda repercute o caso e amplifica toda e qualquer manifestação anti-Copa. Seja por parte dos pessimistas que acreditam que o Brasil não teria condições de organizar eventos desse porte. Seja por conta dos que julgavam os gastos altos demais.

A Copa acontece. O país organiza de forma brilhante o torneio de futebol. Apesar do tropeço de nossa seleção dentro das quatro linhas, pouco a mídia fala sobre o torneio depois. Embora a revista Veja, de forma inacreditável, tenha tentado relacionar o insucesso da seleção com a popularidade da presidenta Dilma Rousseff.

Faltando poucos meses para o pleito, um trágico acidente mata o candidato do PSB, Eduardo Campos. Sua vice, Marina Silva, apoiada na mídia e nos banqueiros, passa a ser a grande esperança de derrubar o atual governo. Assumindo compromissos nocivos para a soberania do país, como a autonomia do Banco Central, a candidata é alavancada pelos grandes grupos de comunicação. Trazendo um bom retrospecto nas eleições de 2010, Marina Silva surge como favorita do dia pra noite.

Mas não durou muito. Sua posição conciliadora é insustentável e nas pesquisas Marina começa a naufragar a cada “tweet de Malafaia”, isso porque o pastor conservador foi um dos grandes “cabo eleitorais” da candidata.

Em uma arrancada surpreendente, o tucano Aécio Neves se credencia para disputar o segundo turno contra Dilma Rousseff. A mídia trata de rapidamente abandonar Marina Silva e volta todas as suas forças para a candidatura de Aécio. Nas primeiras pesquisas – vale dizer que as pesquisas erraram por muito no primeiro turno – o tucano aparece na frente de Dilma.

O escândalo da Petrobras torna-se então a bala de prata da mídia. Aos poucos o caso vai tomando todo espaço nos noticiários e revistas. Até atingir um nível extremo. A revista Veja, baseada em acusações não comprovadas, antecipa, na semana da eleição, o lançamento de sua edição semanal de domingo para sexta. Na capa a revista crava “Eles sabiam de tudo”, ou seja, afirma que Lula e Dilma tinham conhecimento dos desvios realizados na estatal. A revista é distribuída gratuitamente pelas ruas de grandes capitais. A grande mídia escancara sua campanha contra o governo popular e democrático do país.

Em seu último programa para TV antes da eleição, Dilma Rousseff, chama o ato de “terrorismo midiático” e afirma que processará a revista por fazer uma grave acusação sem ter nenhuma prova, podendo dessa forma, interferir no resultado da votação a favor do candidato tucano.

O Jornal Nacional, prontamente repercute na noite de sábado as acusações da revista. O circo midiático está armado. Basta a vitória tucana para celebrar anos e anos de campanha contra o atual governo. Mas 20:30 de domingo, 26, um engasgado e contrariado William Bonner é obrigado a anunciar: Dilma Rousseff está reeleita. O povo venceu mais uma vez.

O que fizemos aqui foi apresentar um recorte de junho de 2013 até a eleição de domingo. Mas essa mesma mídia já apoiou a ditadura e certamente, se o governo não tiver coragem para enfrentá-la, continuará atacando nossa democracia a favor de seus interesses e dos poucos que a controlam.

Tratamos apenas dos momentos onde a ação da mídia foi mais agressiva, mas diariamente, páginas e mais páginas, horas e mais horas de imagens nas concessões públicas de TV, são produzidas para atacar a nossa democracia e o atual governo. Além de ridicularizar a política, demonizar os movimentos sociais e jogar na vala comum todo e qualquer político, a fim de criar repulsa na população.

Já passou da hora de enfrentar as empresas que apoiaram a ditadura, que elegeram Collor e que deram suporte para o neoliberalismo dos anos 90.

Que o governo tenha coragem saiba que nas ruas e nas redes pode contar com a gente!

KOTSCHO VÊ MÍDIA NO "FUNDO DO POÇO" APÓS DERROTA

2002, 2006, 2010, 2014.
Nas últimas quatro eleições presidenciais, a velha mídia familiar brasileira fez o diabo, vendeu a alma e foi ao fundo do poço para derrotar o PT de Lula e Dilma.
Perdeu todas.
Desta vez, perdeu também a compostura, a vergonha na cara e até o senso do ridículo.
Teve até herdeiro de jornalão paulista que deu uma de black bloc e foi sem máscara à passeata pró-Aécio em São Paulo, chamada de
"Revolução da Cashmere" pela revista britânica "The Economist", carregando um cartaz com ofensas à Venezuela.
Antigamente, eles eram mais discretos, mas agora perderam a modéstia, assumiram o protagonismo.
Agora, não adianta rasgar as pregas das calças nem sapatear na avenida Faria Lima. "The game is over", como eles gostam de dizer em bom inglês.
Se bem que alguns já pregam o terceiro turno e pedem abertamente o impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff, que derrotou o candidato deles, o tucano Aécio Neves, por 51,6% a 48,4%. Endoidaram de vez. E não é para menos: ao final do segundo mandato de Dilma, o PT terá completado 16 anos no poder central, um recorde na nossa história republicana.
Só teremos nova eleição presidencial daqui a quatro anos. Até lá, terão que esperar no banco de reservas do poder os herdeiros dos barões de imprensa e seus sabujos amestrados, inconformados com o resultado das urnas, se é que vão sobreviver aos novos tempos da mídia democratizada. Cegados pela intolerância, ainda não se deram conta de que já nem elegem nem derrubam mais presidentes. Alguns ficaram parados em 1932 ou 1964, por aí. Vivem ainda em tempos passados, dos quais o Brasil contemporâneo não tem saudades. Devo-lhes informar que o país mudou, e não é mais o mesmo dos currais midiáticos de meia dúzia de famílias, hoje abrigadas no Instituto Millenium.
Diante da gravidade dos acontecimentos nas últimas 48 horas que antecederam a votação, a partir da publicação da capa-panfleto da revista "Veja", a última "bala de prata" do arsenal de infâmias midiáticas para mudar o rumo das eleições, não dá agora para simplesmente fingir que nada houve, virar a página e tocar a bola pra frente, como se isso fosse algo natural na disputa política. Não é.
Caso convoque uma rede nacional de rádio e televisão para anunciar os rumos, as mudanças e as primeiras medidas do seu novo governo _ o que se tornou um imperativo, e deve ocorrer o mais rápido possível, para restaurar a normalidade democrática no país ameaçada pelos pittbulls da imprensa _ a presidente Dilma terá que tocar neste assunto, que ficou de fora do seu pronunciamento após a vitória de domingo: a criação de um marco regulatório das comunicações.
No seu brilhante artigo "Dilma 7 X 1 Mentira", publicado pela Folha nesta segunda-feira, o xará Ricardo Melo foi ao ponto:
"Além do combate implacável à corrupção e de uma reforma política, a tarefa de democratizar os meios de informação, sem dúvida, está na ordem do dia. Sem intenção de censurar ou calar a liberdade de opinião de quem quer que seja. Mas para dar a todos oportunidades iguais de falar o que se pensa. Resta saber qual caminho Dilma Rousseff vai trilhar".
A presidente reeleita, com a força do voto, não precisa esperar a nova posse no dia 1º de janeiro de 2015. Pode, desde já, demitir e nomear quem ela quiser, propor as reformas que o país reclama, desarmando os profetas do caos e acabando com este clima pesado que se abateu sobre o país nas últimas semanas de campanha.
Pode também, por exemplo, anunciar logo quem será seu novo ministro da Fazenda e, imediatamente, reabrir o diálogo com os empresários e investidores nacionais e estrangeiros, que jogaram tudo na vitória do candidato de oposição, especulando na Bolsa e no dólar, e precisam agora voltar à vida real, já que eles não têm o hábito de rasgar dinheiro. Queiram ou não, o Brasil continua sendo um imenso mercado potencial para quem bota fé no seu taco e acredita na vitória do trabalho contra a usura.
O povo, mais uma vez, provou que não é bobo.
Valeu a luta, Dilma. Valeu a força, Lula.
Vida que segue.

ÓDIO E DIVISIONISMO Ribamar Fonseca RIBAMAR FONSECA 28 DE OUTUBRO DE 2014 ÀS 16:34

A grande imprensa tucana, que usou todos os recursos imagináveis e inimagináveis – inclusive os ilegais, imorais e antiéticos – para arrancar a presidenta Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, não consegue se conformar com a derrota imposta pelo povo. E além de se esforçar para minimizar a vitória petista, tentando negar a sua legitimidade por ter sido apertada, continua estimulando o ódio e a divisão do país – como é fácil perceber por seus editoriais um dia depois do pleito – destacando as diferenças entre as regiões Sul-Sudeste e Norte-Nordeste.
No editorial sob o título de "A mensagem das urnas", o jornal "O Globo" desta terça-feira, por exemplo, afirma que a eleição presidencial "deixa o país dividido entre os que produzem e pagam impostos e os beneficiários de programas sociais". Na visão do jornalão carioca, portanto, os brasileiros do Sul-Sudeste teriam mais direitos do que os brasileiros do Norte-Nordeste, como se estes não produzissem nada e não pagassem impostos. Ou seja, os ricos é que deveriam ter o direito de eleger o Presidente da República, até porque, segundo a ótica do ex-presidente FHC, são melhor informados.
O jornal dos Marinho que, a exemplo dos outros jornalões, abraçou escancaradamente a candidatura de Aécio Neves e usou suas páginas como se fora um partido político – um verdadeiro atentado ao jornalismo – diz em seu editorial: "Fica evidente que o país que produz e paga impostos – pesados, ressalte-se – deseja o PT longe do Planalto, enquanto aquele Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais não quer mudanças em Brasília, por óbvias razões". O editorial, além de tudo, debocha da população pobre ao afirmar que ela se beneficia dos "lautos" programas sociais. Decididamente eles não querem que os pobres sejam atendidos pelo governo.
O "Globo" também enfatiza a "avassaladora antipetização" em São Paulo, destacando a vitória de Aécio no Estado, onde obteve 64,3% dos votos, contra 35,6% dados a Dilma. E acentuou: "Foi dura a derrota do PT no Estado em que nasceu" e onde o movimento sindical gerou Lula. Arremata a observação, como se isso fosse mais importante do que a vitória petista, lembrando o registro neste pleito de "um forte sentimento antipetista no Sul, Sudeste e Centro-Oeste". O editorialista esqueceu que mais dura ainda foi a derrota de Aécio em seu próprio Estado, Minas Gerais. E que esse sentimento de ódio ao petismo foi plantado e estimulado por essa mesma mídia, só encontrando terreno fértil naquelas regiões porque é lá que os jornalões circulam.
Por sua vez, a "Folha de São Paulo", seguindo a mesma linha do periódico carioca, em editorial sob o título de "Pouco espaço para errar", lembra que os Estados comandados pelos tucanos arrecadaram em 2013 nada menos do que R$ 545 bilhões, enquanto os controlados pelo PT arrecadaram apenas R$ 114 bilhões e os dominados pelo PMDB R$ 288 bilhões. É o mesmo raciocínio do "Globo", segundo o qual, por contribuir com maior volume de impostos, o voto dos eleitores do Sul-Sudeste deveria ter mais valor do que o voto dos nortistas e nordestinos. Ou seja, sob essa ótica, os pobres não poderiam eleger a Presidenta. Constata-se, desse modo, que a grande mídia, frustrada com a vitória de Dilma, resolveu agora pregar abertamente o divisionismo.
O editorial do jornalão paulista começa dizendo que Dilma, "reeleita com a menor margem de votos que o Brasil já registrou", deverá enfrentar problemas com os partidos da sua base aliada, em especial o PMDB, cujo líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha, disse que o apoio do partido "não será automático" neste segundo mandato e o presidente do Senado, Renan Calheiros, questionou a sua disposição de promover um plebiscito para a reforma política. Disse ainda que a base aliada, "que nunca primou pela fidelidade", tende a ampliar a sua rebeldia, contribuindo ao mesmo tempo para revigorar a oposição. E conclui: "Dilma sabe que nos próximos quatro anos terá pouco espaço para errar".
Isso significa que neste segundo mandato a grande mídia será muito mais agressiva do que foi nos quatro anos de governo da Presidenta petista, a não ser que Dilma providencie logo no inicio deste segundo governo o tão esperado – e combatido pelos principais interessados – marco regulatório da mídia. Essa regulação, que não implica em censura, já é adotada há muito por outros países e precisa ser implantada no Brasil para evitar os abusos de uma imprensa que está muito mais empenhada em defender interesses políticos e econômicos de grupos do que em informar. Expressiva parcela da população, no entanto, já se conscientizou disso e por isso não se deixou influenciar pelas matérias destinadas, única e exclusivamente, a influir no processo sucessório presidencial.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Chuva não livrará São Paulo do desastre anunciado 27 de outubro de 2014 | 21:09 Autor: Fernando Brito

cantagraf
As previsões meteorológicas – hoje muito precisas –  indicam que, a partir do final de semana, São Paulo terá chuvas fortes.
Pode chover, num dia, quase o mesmo que choveu durante todo o mês de outubro e o volume total deve passar de 100 milímetros de precipitação.
Infelizmente, porém, isso não trará praticamente nenhuma elevação do nível dos reservatórios assolados pela seca. Subirão, no máximo, décimos de um ponto percentual.
A única dúvida que se tem, séria, a esta altura, é sobre quando se dará o colapso no abastecimento.
Porque se haverá já é algo com que só o maior dos otimistas, contando com um verão miraculosamente diluviano, pode esperar.
Você, que se acostumou com pesquisas eleitorais, veja como é o “ibope” do Cantareira, em matéria de reserva de água, e veja como tudo foi um desastre anunciado.
Em 27 de outubro de 2010, os reservatórios tinham 78% de sua capacidade preenchidos com água.
Na mesma data, em 2011, eles oscilaram para 69,7%.
Em 27 de outubro de 2012, o índice caiu para 56,2.
No ano passado, no mesmo dia, tinham  37,5%
Hoje, baixaram a menos 16%, porque o zero daquela estatística fica antes do “volume morto” que está nas últimas gotas.
No final da temporada chuvosa de 2010/2011, a 1° de maio,  a água havia subido perto de 16 pontos, para 93,7%.
No fim das chuvas de 2011/2012, havia ganho 4,7%, subindo para 73,4%.
Quando terminaram as chuvas de 2012/2013, subiu também 6,6%, passando a 62,8%.
2013 para 2014, como todos sabem, veio a seca e, em lugar de subir, o volume baixou 27,3%, para 10,2% de água disponível, afora o volume morto.
Logo, se o regime de chuvas deste verão foi o melhor dos últimos cinco anos, sem contar o deficit hídrico do solo, os empoçamentos e tudo o mais que faz de uma seca o quanto pior, pior, o Sistema Cantareira entrará no período seco com zero de armazenamento, tendo reposto apenas o volume morto.
Pouco mais,mas bem pouco mesmo,  talvez, se a Sabesp mantiver os paulistanos sem água também no período de temperaturas elevadas, porque o envio de água à cidade já caiu de médias de 32 mil litros por segundo para apenas 20 mil litros por segundo.
E agora já não há mais nada a fazer, porque não se fez quando era tempo.
Pode não faltar (mais) água em São Paulo, mas por um  milagre pelo qual estamos todos torcendo.
Mas não se administra a vida de milhões de pessoas esperando milagres.

A lição de um guri contra o preconceito 27 de outubro de 2014 | 14:45 Autor: Fernando Brito

cores
Não conheço  Thomas Conti e, pela foto que tem em seu blog, é um guri de pouco mais de 20 anos, o que é um guri para “coroas” feito eu.
É mestrando de História da Unicamp e, pelo visto, será um ótimo professor.
Porque encontrou uma forma gráfica e didática de mostrar o quanto há de preconceito nesta história de dizer que o Brasil está geograficamente dividido entre “vermelhos-Dilma” e “azuis-Aécio”.
Vi no blog do Miguel do Rosário e quis trazer também para cá.
Ele usou um recurso do Excel, programa que constrói gráficos e tabelas a partir de números e que permite colorir um gráfico – que ele fez no formato do Brasil, com a proporção da cor atribuída a cada candidato.
E o resultado está aí em cima.
Nenhum estado é exatamente azul e nenhum estado é totalmente vermelho.
Porque as pessoas não pensam igual, em qualquer parte do Brasil ou do planeta.
Tanto que Dilma teve um pouco mais de um terço dos votos paulistas, como Aécio teve um em cada cinco votos dos piauienses.
Nem é só de ricos e pobres a divisão, pois nem 64% dos paulistas são ricos, muito menos 20% dos moradores do Piauí votaram em Aécio porque estão cheios da grana.
Já imaginaram o Piauí com 20% de gente rica, que maravilha?
Algo, que, parece, escapa à compreensão dos corações cheios de ódio, de racismo e preconceito.
Como escapa, também, aos nossos “mui sabidos” comentaristas da mídia que Dilma teve mais votos no Sudeste (20,9 milhões) do que no Nordeste (20,1 milhões).
Show de bola, Thomas, este seu de provar que, também estatisticamente, o ódio é uma burrice.

Fiat Lux! Ou porque fé não tem de odiar a Ciência. Aliás, não odiar, ponto 28 de outubro de 2014 | 19:18 Autor: Fernando Brito

francisco
E quem diz isso é um ateu incurável.
É a declaração do Papa Francisco, dando um “vade retro” ao fundamentalismo, ao afirmar que as teorias científicas da evolução e do Big Bang estão corretas e que não são incompatíveis com a existência de um criador.
“Quando lemos sobre a criação no Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico com uma varinha capaz de fazer tudo. Mas não é isso”.
Que ótimo ouvir um Papa dizer isso, numa hora em que uma parte expressiva da nossa classe média está tomada por ideias de superioridade racial, econômica, geográfica.
Enfim, de superioridade, como se houvesse um direito quase divino a se achar melhor que os outros.
Que bom ouvir isso de um papa quando tanta gente pensa é superior por direito, por dinheiro, por direita.
Quanto tantos imbecis se julgam donos de uma verdade total, completa, que não admite as diferenças.
Ninguém nasceu fadado a simplesmente repetir o passado.
Nem biológica nem socialmente.
Se já fomos aminoácidos, bactérias, répteis, macacos, porque como humanos temos uma imutável condição melhor que a dos outros?
Os que pintam o Brasil de duas cores deviam mais dar atenção ao Bergoglio, lá de Roma, e menos ao Malafaia.
Se não for por uma questão de fé, pelo menos de bom-gosto e inteligência.

A história do doleiro que a mídia não contou 27 de outubro de 2014 | 15:07 Autor: Miguel do Rosário

doleiro1
A mídia escondeu a verdeira história do doleiro.
Alberto Youssef foi condenado em 2004, pelo mesmo juiz Sergio Moro, do Paraná, por corrupção.
Segundo a Ação Penal movida contra Youssef, ele obteve um empréstimo de US$ 1,5 milhão, em 1998, numa agência do Banestado, banco público do Paraná, nas Ilhas Cayman.
No processo de delação premiada da época, Youssef confessou que internou o dinheiro no Brasil de forma ilegal, ao invés de fazê-lo via Banco Central.
Mas negou que tenha pago propina a um executivo do Banestado. Segundo o doleiro, a condição imposta para o Banestado liberar o dinheiro para sua empresa, a Jabur Toyopar, era fazer uma doação para a campanha de Jaime Lerner, do então PFL (hoje DEM), aliado do PSDB, para o governo do Paraná.
Doação “não-contabilizada”. Caixa 2.
A mídia nunca deu destaque a essa informação.
Alberto Youssef operava para tucanos e demos do Paraná desde a primeira eleição de Jaime Lerner, em 1994. Assim como operou tambémpara FHC e Serra em 1994 e 1998.
O Banestado, um dos bancos mais sólidos do sistema financeiro do país, foi saqueado pelos tucanos na década de 90. Após devastarem as finanças da instituição, o PSDB, que governava o país, iniciou um processo de privatização cheio de fraudes.
O Banestado foi então vendido para o Itaú, pela bagatela de R$ 1,6 bilhão.
Existem acusações de que a privatização do Banestado gerou prejuízo de R$ 42 bilhões aos cofres públicos.
Mas tucanos podem tudo.
Depois de tanta roubalheira, o único condenado foi o mordomo, o doleiro Alberto Youssef, um homem de origem simples que ficou milionário operando para a elite tucana.
Mas a elite tucana é magnânima, e o juiz Sérgio Moro absolve o doleiro após um ridículo acordo de delação premiada, que não resultou em nada.
Este é o Sérgio Moro que a mídia chama de “duro”.
Em agosto deste ano, Youssef é preso outra vez e Moro cancela o acordo anterior de delação premiada do doleiro.
O juiz e a elite tucana tinham outros planos para o doleiro. Ele poderia ser útil numa operação midiática para derrotar Dilma nas eleições de 2014.
O advogado do doleiro, Antônio Augusto Figueiredo Basto, tem profundas conexões com o PSDB. Foi membro do conselho da Sanepar, estatal paranaense que cuida do saneamento do estado, e foi também advogado de doleiros tucanos envolvidos no trensalão.
Os escândalos de corrupção no PSDB paranaense envolvem mais nomes. Em 2001, a Procuradoria de Maringá acusou o prefeito tucano Jairo Gianoto de desvios superiores a R$ 100 milhões, feitos durante o período de 1997 a 2000. Em valores atualizados, esse montante aproxima-se de R$ 1 bilhão.
E quem aparece nesse escândalo, mais uma vez?
Ele mesmo: Alberto Youssef.
Trecho de matéria publicada na Folha, em 4 de março de 2001:
“Um dos nomes sob investigação, o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luís Antônio Paolicchi, apontado como pivô do esquema de corrupção, afirmou, em depoimento à Jusitça, que as campanhas de políticos do Paraná, como o governador Jaime Lerner (PFL) e o senador Álvaro Dias (PSDB), foram beneficiadas com dinheiro desviado dos cofres públicos, em operações que teriam sido comandadas pelo ex-prefeito Gianoto.
A campanha em questão foi a de 1998. “A pessoa que coordenava (o comitê de Lerner em Maringá) era o senhor João Carvalho (Pinto, atual chefe do Núcleo Regional da Secretaria Estadual de Agricultura), que sempre vinha ao meu gabinete e pegava recursos, em dinheiro”, afirmou Paolicchi, que não revelou quanto teria destinado à campanha do governador -o qual não saberia diretamente do esquema, segundo ele.
Quanto a Dias, o ex-secretário disse que Gianoto determinou o pagamento, “com recursos da prefeitura”, do fretamento de um jatinho do doleiro Alberto Youssef, que teria sido usado pelo senador durante a campanha.
“O prefeito (Gianoto) chamou o Alberto Youssef e pediu para deixar um avião à disposição do senador. E depois, quando acabou a campanha, eu até levei um susto quando veio a conta para pagar. (…) Eu me lembro que paguei, pelo táxi aéreo, duzentos e tantos mil reais na época”, afirmou.”
Todas as histórias que envolvem o doleiro Alberto Youssef e seus advogados desembocam em escândalos tucanos: Banestado, caixa 2 de campanhas demotucanas na década de 90, desvios em Maringá, trensalão.
Todavia, na última hora, os tucanos e a mídia levaram um susto.
Houve uma fissura na conspirata para prejudicar Dilma, quando apareceu um dos “testas de ferro” do doleiro, o senhor Leonardo Meirelles.
Em depoimento à Justiça, Meirelles acusou Youssef de operar para o PSDB, e de ter como “padrinho” um político de oposição do estado do Paraná, praticando nomeando Álvaro Dias (e confirmando o depoimento do secretário da fazenda de Maringá, citado acima).
Assim que a informação do testa de ferro de Youssef veio à tôna, o advogado do doleiro, Antônio Augusto Figueiredo Basto, iniciou uma operação midiática desesperada para negar que seu cliente tivesse operado para o PSDB. A mídia seguiu-lhe os passos, tentando neutralizar uma informação que poderia atrapalhar os planos de usar o doleiro para derrotar Dilma.
Em segundos, todos os jornais deram um destaque desmedido à “negativa” de Youssef de ter operado para o PSDB.
Só que não tem sentido.
A própria defesa do doleiro, em suas argumentações contra a condenação imposta por Sérgio Moro, pela Ação Penal de 1998, extinta e retomada agora, diz que os US$ 1,5 milhão que ele internou no país em 1998 foram destinados à campanha de Jaime Lerner, candidato demotucano ao governo do Paraná.
Como assim ele não operou para o PSDB?
Youssef operou a vida inteira para o PSDB! Era a sua especialidade!
Tentar pregar uma estrelinha do PT no peito do doleiro não vai colar.
Alberto Youssef é um produto 100% tucano.