terça-feira, 28 de junho de 2016

Padre corajoso

O Ministério Público Federal de São Paulo ajuizou ação pedindo a retirada dos símbolos religiosos das repartições publicas.
Pois bem, veja o que diz o Frade Demetrius dos Santos Silva:
" Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas…
Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!
Aliás, nunca gostei de ver a Cruz em Tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são barganhadas, vendidas e compradas.
Não quero mais ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte.
Não quero ver, também, a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados.
Não quero ver, muito menos, a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento.
É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa das desgraças, das misérias e sofrimentos dos pequenos, dos pobres e dos menos favorecidos ".
Frade Demetrius dos Santos Silva.
* São Paulo/SP

quarta-feira, 15 de junho de 2016

A indescritível estupidez do governo golpista: afastar-se dos Brics

Dilma e outros líderes dos Brics querem mais participação dos emergentes nas decisões econômicas


(Foto: Robert Stuckert Filho).
Que estupidez inominável!
Somente um governo golpista, desesperado por um carinho de Washington, agiria assim. E o pior é que, com isso, o Brasil perde o respeito dos EUA e da Europa, porque ninguém gosta de país subalterno, além de perdermos um trunfo de negociação.
Ou seja, perdemos a China E perdemos EUA e Europa.
O golpe nos fez retroceder décadas! Voltamos, de vez, a ser uma desprezível república de bananas!
Volta, Dilma!
***
China acusa Temer e Serra de boicotarem o Brics
Publicado em 14/06/2016 - 12:30
POR PAULO SILVA PINTO
O governo chinês vê com grande preocupação a mudança de política externa brasileira. Texto que acaba de ser publicado pelo serviço em português da agência de notícias estatal Xinhua sobre o primeiro mês de afastamento da presidente Dilma Rousseff afirma que “o presidente interino, Michel Temer, se aproveitou para alterar a estratégia diplomática do país e deixar de priorizar as relações com os Brics”, em referência ao bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O texto é assinado pelo diretor da sede dos serviços em português da Xinhua no Rio de Janeiro, Chen Weihua, e pelo editor internacional da agência, em Pequim, Zhao Hui. Embora a análise não tenha o peso de uma comunicação oficial, reflete a opinião de ao menos parte da elite que comanda o país. A Xinhua é uma agência diretamente subordinada ao governo. Com 170 escritórios espalhados pelo mundo, é presidida por um integrante do Comitê Central do Partido Comunista Chinês.
“Desde a criação do Bric em 2009 (antes da adesão da África do Sul, em 2010), o Brasil sempre priorizou as relações com os membros do bloco, no âmbito da cooperação Sul-Sul, uma escolha que o governo interino parece não ter intenção de manter. O novo ministro das relações exteriores do Brasil, José Serra, anunciou, logo após o estabelecimento do governo interino, que os focos principais da ‘nova política externa’ brasileira são, dentro da América Latina, a Argentina e o México, e fora dela, os Estados Unidos e a União Europeia. No caso dos Brics, Serra se limitou a dizer que o Brasil vai se esforçar para aproveitar as ‘oportunidades’ que o bloco oferece, mas sempre tendo o comércio e os investimentos mútuos”, segue dizendo o texto.
De acordo com a Xinhua, analistas chineses veem risco de o governo Temer “minar a eficácia dos mecanismos do grupo” ao buscar atuar como voz isolada nos fóruns globais. A agência cita o diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto de América Latina da Academia de Ciências Sociais da China, Zhou Zhiwei, para quem, diferentemente da prioridade atribuída por Dilma aos países em desenvolvimento, o presidente interino busca estabelecer um novo equilíbrio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Temer tentará fortalecer a relação com os Estados Unidos e Europa a fim de que eles reconheçam a legitimidade do governo interino, e, para tanto, será forçado a manter distância dos membros do Brics para evitar desagradar Washington”, disse Zhiwei.
Um diplomata brasileiro comentou de forma reservada que ao mencionar os BRICS em seu discurso de posse, o ministro José Serra procurou deixar clara a importância conferida ao grupo. Acrescentou que o presidente interino, Michel Temer, se dedicou pessoalmente às relações entre o Brasil e a China, mantendo várias reuniões com o vice-presidente chinês, Li Yuanchao. Em visita oficial à China, Temer, foi até mesmo recebido pelo presidente do país, Xi Jinping.

quarta-feira, 27 de abril de 2016 BRICS SÃO A RAZÃO PELA QUAL EUA FINANCIEM O GOLPE CONTRA DILMA EO BRASIL


Junto com a declaração feita essa semana de Bernie Sanders que o Governo dos EUA não pode continuar derrubando governos democráticos na América Latina, a ida do Senador Aloysio Nunes a Washington um dia depois da votação do Impeachment, a situação do Brasil vai ficando mais clara
Do Alberto Kopittke no Facebook
Este artigo de um Professor da Universidade de Princeton publicado logo após a vitória de Dilma nas eleições de 2014 merece atenção!
Nele, o Professor afirmava que Dilma havia conseguido vencer as eleições mesmo contra um poderoso trabalho de desinformação do Governo dos EUA e que a partir de agora os EUA fariam de tudo para derrubá-la buscando ações de desestabilização (isso antes da Lava-Jato começar).
Para quem não sabe, as operação de desinteligência foram a estratégia de inteligência mais utilizadas pelos EUA desde os anos 50, chamadas de CONTELPRO (Programas de Contra Inteligência), que tinham por objetivo difamar os adversários e foi muito utilizada para desestabilizar diversos líderes e organizações como Martin Luther King e muitos outros.
A causa seria sua política em relação aos BRICS e a formação de um Banco de financiamento de U$ 100 bilhões que tiraria o poder do FMI e do Banco Mundial e um acordo com os Governos da Rússia e da China para que o Dólar deixasse de ser a moeda padrão da economia mundial.
Junto com a declaração feita essa semana de Bernie Sanders que o Governo dos EUA não pode continuar derrubando governos democráticos na América Latina, a ida do Senador Aloysio Nunes a Washington um dia depois da votação do Impeachment, a situação do Brasil vai ficando mais clara.
Obs.: aos que dizem que tudo isso é fantasia, lembrem-se que todas as “teorias” sobre o envolvimento do Golpe em 1964 se mostraram absolutamente verdadeiras quando os arquivos do Governo dos EUA foram abertos em 2014. Os EUA não eram mero apoiadores do Golpe. Foram seus estrategistas. E de pensar que muitos saíram de verde-amarelo, na prática defendendo novamente os interesses azul-vermelho do Tio Sam.
484443Brazil’s newly re-elected President, Dilma Rousseff, survived a massive US State Department disinformation campaign to win a runoff vote against US-backed Aecio Neves on October 26. However it is already clear that Washington has opened a new assault on one of the key leaders of the non-aligned BRICS group of emerging economies—Brazil, Russia, India, China, South Africa. With a full-scale US financial warfare attack to weaken Putin’s Russia and a series of destabilizations aimed at China, including most recently the Hong Kong US-financed “Umbrella Revolution,” getting rid of Brazil’s socially-minded President is a top priority to stop the emerging counter-pole to Washington’s New World (dis-)Order.
The reason Washington wants to get rid of Rousseff is clear. As President she is one of five heads of the BRICS who signed the formation of the US$100 billion BRICS Development Bank and a reserve currency pool worth over another US$100 billion. She also supports a new International Reserve Currency to supplement and eventually replace the dollar. Inside Brazil she is supported by millions of lower-income Brazilians who have been lifted out of poverty by her various programs, especially the Bolsa Familia, an economic subsidy program for low-income mothers and families. The Bolsa Familia has brought an estimated thirty-six million families out of poverty via Rousseff and her party’s economic policies, something that creates apoplexy in Wall Street and Washington.
Her US-backed campaign rival, Aécio Neves of the Brazilian Social Democracy Party (Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB), serves the interests of tycoons and their Washington allies.
Neves’ chief economic adviser who would have become Finance Minister in a Neves presidency was Arminio Fraga Neto, a close friend and former associate of Soros and his Quantum hedge fund. Neves’ senior adviser, and likely Foreign Minister had he won, was Rubens Antônio Barbosa, former Brazil ambassador to Washington and today a Senior Director of ASG based in Sao Paulo.
ASG is the consulting group of Madeline Albright, former US Secretary of State during the 1999 US bombing of Yugoslavia. Albright, a Director of the leading US think-tank, Council on Foreign Relations, is also chair of the prime US Government “Color Revolution” NGO, the National Democratic Institute (NDI). Not surprisingly, Barbosa during the recent campaign called for a strengthening of Brazil-US relations and a diminishing of the strong Brazil-China ties developed by Rousseff in the wake of revelations of USA spying by NSA on Rousseff and her government.
Emerging corruption scandal
During the bitter election campaign between Rousseff and Neves, the Neves opposition began circulating rumors that Rousseff, who until now had never been linked to corruption so common to Brazilian politics, was implicated in a scandal involving the state oil giant, Petrobras. In September, a Petrobras former director alleged that members of Rousseff’s government had received commissions on contracts signed with the oil giant which were then used to buy congressional support. Rousseff served on the company’s board of directors until 2010.
Now on November 2, just days after Rousseff’s hard-fought victory, the US major accounting firm, PriceWaterhouseCoopers, refused to sign Petrobras’ third-quarter earnings. PWC demanded wider investigation into the corruption scandal involving the state-run oil company.
PricewaterhouseCoopers is one of the most scandal-ridden US accounting firms. It was implicated in 14 years of covering up fraud in the AIG insurance group which was at the heart of the 2008 US financial crisis. And the British House of Lords in 2011, criticized PwC for not drawing attention to the risks in the business model followed by Northern Rock bank, a major disaster in Britain’s real estate financial crisis of 2008, a client which had to be bailed out by the UK government. The attacks on Rousseff are escalating we can be sure.
Rousseff’s Global Strategy
It is not merely Rousseff’s alliance with BRICS countries that has made her a prime Washington destabilization target. Under her tenure, Brazil is moving swiftly to decouple from US NSA electronic surveillance vulnerability.
Days after her re-election, the state-owned Telebras announced plans to construct a major underwater fiber-optic telecommunications cable to Portugal across the Atlantic. The Telebras-planned cable will run 3,500 miles from the Brazilian city of Fortaleza to Portugal. It represents a major break for trans-Atlantic communications with US technology domination. Notably, Telebras President Francisco Ziober Filho said in an interview that the cable project will be built without any UScompanies.
The Snowden NSA revelations in 2013 among other things revealed the intimate ties of key strategic IT companies like Cisco Systems, Microsoft and others to the US intelligence community. He stated that “The issue of data integrity and vulnerability is always a concern for any telecom company.”
Brazil has reacted to the NSA leaks by making thorough audits of all foreign-made equipment to check for security vulnerabilities and accelerated the country’s move toward technological self-reliance according to the Telebras chief.
Until now virtually all Trans-Atlantic IT traffic routed via the east Coast of USA to Europe and Africa a major espionage advantage for Washington
Reacting to the Snowden leaks, the Rousseff government ordered termination of contracts with Microsoft for Outlook e-mail services. Rousseff declared at the time that it was to help “prevent possible espionage.” Instead Brazil is going national with its own e-mail system called Expresso, developed by state-owned Servico Federal de Processamento de Dados (Serpro). Expresso is already used by 13 of the country’s 39 ministries. Serpro spokesman Marcos Melo stated, “Expresso is 100 percent under our control.” If true or not clear is that under Rousseff and her party Brazil is pursuing what she sees as Brazil’s best national interest.
Oil Geopolitics also Key
Brazil is also moving away from the Anglo-American domination of its oil and gas exploration. In late 2007 Petrobras discovered what was estimated to be a mammoth new basin of high-quality oil on the Brazilian Continental Shelf offshore in the Santos Basin. Since then, Petrobras has sunk 11 oil wells in the Santos Basin, all successful. At Tupi and Iara alone, Petrobras estimates there are 8 to 12 billion barrels of recoverable oil, which can almost double current Brazilian oil reserves. In total the Brazil Continental Shelf could contain over 100 billion barrels of oil, transforming the country into a major oil and gas power, something Exxon and Chevron, the US oil giants have tried hard to control.
In 2009 according to leaked US diplomatic cables published via Wikileaks, Exxon and Chevron were noted by the US Consulate in Rio to be trying in vain to alter a law proposed by Rousseff’s mentor and predecessor in her Brazilian Workers’ Party , President Luis Inacio Lula da Silva, or Lula as he is called.
That 2009 law made the state-owned Petrobras chief operator of all offshoreblocs. Washington and the US oil giants were furious at losing key control over potentially the largest single new oil discovery in decades.
Making matters worse in Washington’s eyes, Lula not only pushed ExxonMobil and Chevron out of the controlling position in favor of the state-owned Petrobras, but he also opened Brazilian oil exploration to the Chinese. In December, 2010 in one of his last acts as President, he oversaw signing of a deal between the Brazilian-Spanish energy company Repsol and China’s state-owned Sinopec. Sinopec formed a joint venture, Repsol Sinopec Brasil, investing more than $7.1 billion towards Repsol Brazil. Already in 2005 Lula had approved formation of Sinopec International Petroleum Service of Brazil Ltd as part of a new strategic alliance between China and Brazil, a forerunner of today’s BRICS organization.
Washington Was not Delighted.
In 2012 in a joint exploration drilling, Repsol Sinopec Brasil, Norway’s Statoil and Petrobras made a major new discovery in Pão de Açúcar, the third in block BM-C-33, which includes the Seat and Gávea, the latter one of the world’s 10 largest discoveries in 2011. US and British oil majors were nowhere to be seen.
As relations between Rousseff’s government and China as well as Russia and the other BRICS partners deepened, in May 2013, US Vice President Joe Biden made a trio to Brazil where his agenda was focused on oil and gas development. He met with President Dilma Rousseff who succeeded her mentor Lula in 2011. Biden also met with leading energy companies in Brazil including Petrobras.
While little was publicly said, Rousseff refused to reverse the 2009 oil law in a way suitable to Biden and Washington. Days after Biden’s visit came the Snowden NSA revelations that the US had also spied on Rousseff and top officials of Petrobras. She was livid and denounced the Obama Administration that September before the UN General Assembly for violating international law. She cancelled a planned Washington visit in protest. After that US-Brazil relations took a dive.
Before Biden’s May 2013 visit Dilma Rousseff had 70% of popularity rating. Less than two weeks after Biden left Brazil, nationwide protests by a well-organized group called Movimento Passe Livre, over a nominal 10 cent bus fare increase, brought the country virtually to a halt and turned very violent. The protests bore the hallmark of a typical “Color Revolution” or Twitter destabilization that seems to follow Biden wherever he makes a presence. Within weeks Rousseff’s popularity plummeted to 30%.
Washington had clearly sent a signal that Rousseff had to change course or face serious problems. Now that she has won re-election and defeated the well-financed right-wing oligarchs and the opposition, Washington will clearly try with renewed energy to get rid of another BRICS leader in an increasingly desperate bid to hold the status quo. It seems the world no longer snaps to attention as it did in past decades when Washington gave the marching order. The year 2015 will be an adventure not only for Brazil but for the entire world.
F. William Engdahl is strategic risk consultant and lecturer, he holds a degree in politics from Princeton University and is a best-selling author on oil and geopolitics, exclusively for the online magazine “New Eastern Outlook”

MONIZ BANDEIRA DENUNCIA APOIO DOS EUA A GOLPE NO BRASIL





O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.
“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.
Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.
Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.
“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.
Leia a entrevista completa:
Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.
Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.
O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.
Onde seriam implantadas tais bases?
Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.
A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?
Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.
E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.
A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.
Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.
Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?
Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).
E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.
Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.
Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?
Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.
A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.
A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.
A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.
Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.
Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?
A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.
Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.
A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.
Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.
Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?
Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.
O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.
E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.
As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.
E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.
É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.
O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?
Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.
Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.
Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.
Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.
No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).
Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.
Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.
Aonde vai?
Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.
E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.
Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.
Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.
Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.
E qual a perspectiva?
É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.
E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.
Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo