quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Carta aberta à ministra Carmen Lúcia, do STF

Carta aberta à ministra Carmen Lúcia, do STF

Divulgação: Ministra Cármen Lúcia em sessão plenária que julga a Ação Penal 470. Foto: Carlos Humberto/SCO/STF (03/08/2012)
Prezada Ministra Carmem Lúcia
Nosso País acordou estupefato com a prisão de um senador da República. Por outro lado, alivio-me com a prisão de um banqueiro, um dos mais ricos do Brasil.
Não guardo intimidade com o pensamento do Senador Delcídio do Amaral em virtude de suas origens políticas, ligadas à privatizações e ao nefasto neoliberalismo. Porém, sua prisão nos coloca sob espanto pelo colorido de arbitrariedade em face da imunidade parlamentar de que gozam os eleitos pelo povo para ocupar cadeira na mais alta casa legislativa.
Perdoe-me, ministra Carmem, por me dirigir a senhora sem o traquejo jurídico próprio dos advogados, já que não sou um e sem a formalidade de um tribunal, já que não pertenço a nenhum.
Aqui tenho o objetivo de questioná-la pelo que disse na 2ª turma do STF ao justificar seu voto na decisão do ministro Teori Zavascki ao ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral e do Banqueiro André Esteves.
É de se esperar que os homens e as mulheres eleitos e eleitas sejam honestos, honestas, probos e probas nas suas atividades parlamentares, embora alguns afrontem e desrespeitem a sensibilidade social e a cidadania, como é o caso do Senador Ronaldo Caiado, que frequentemente usa camiseta amarela com os sinais de 9 dedos, em deboche a deficiência física do ex-presidente Luiz Inácio Luiz da Silva, sem que seja incomodado em momento algum por esse preconceito e crime.
Nesta carta singela desejo lhe dizer que me senti ofendido e desrespeitado como cidadão com seu discurso ao justificar seu voto a favor da prisão de Delcídio do Amaral, nesta manhã.
A senhora disse que antes nos fizeram acreditar que a esperança venceu o medo. É evidente que a senhora se referiu à campanha eleitoral e eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citá-lo.
E vencemos mesmo, ministra Carmem. Milhões de brasileiros fomos ameaçados com o estouro do dólar, com a fuga dos empresários que investiriam em outros Países abandonando o Brasil ao desemprego e à pobreza. Uma atriz da TV Globo apareceu em noticiários e na propaganda eleitoral do PSDB fazendo caras teatrais de assustada e dizendo: "ai, estou com medo". Pois vencemos essa tentativa. Os milhões de votos investidos em Lula transcenderam fronteiras partidárias para afirmar nossa esperança contra as ameaças rasteiras e desonestas. Vencemos o medo, com muita esperança. O Brasil se sentiu recompensado com essa vitória. A senhora sabe!
Como cidadão e como povo me sinto ofendido e agredido em minha esperança e em minha fé com essa sua fala, para mim irônica e sem nenhuma relação com o mensalão da mídia, com muitos casos dúbios e influenciados pela opinião publicada.
A senhora carregou sobre a ironia sem nexo ao afirmar que "agora o escárnio venceu o cinismo".
Qual a relação do possível crime do Senador Delcídio do Amaral, nem investigado totalmente e, muito menos julgado e condenado, com a vitória da esperança em 2002?
A senhora quer nos envolver em todos os possíveis crimes de Delcídio? A senhora falou pensando em investigação e condenação do ex-presidente Lula, o candidato a respeito de quem se usou o slogan "a esperança venceu o medo"? A senhora já sabe, mesmo sem julgamento, que o Senador Delcídio do Amaral é criminoso, até mesmo antes da manifestação da casa onde ele é parlamentar?
Na fundamentação de seu voto a favor da prisão do aludido senador a senhora asseverou que " agora o escárnio venceu o cinismo".
Pergunto se o seu voto não se referia a um senador? Se se referia ao Senador Delcídio do Amaral qual a relação da ironia com os votos de milhões de brasileiros que tiveram esperança de mudar aquela realidade triste de desemprego, de miséria e de pobreza em 2002?
A senhora ameaçou quem ao afirmar posteriormente que "criminosos não passarão sobre a justiça", alertando a todos do mundo da corrupção?
Perdão, ministra, mas a minha ofensa também vem do fato de a senhora misturar ironicamente fatos e valores sem nenhuma relação, sendo que a esperança realmente venceu o medo e sempre vencerá as vilanias da classe dominante, principalmente da rapinagem dos poderosos internacionais, que atuam por meio de jagunços nacionais.
Pior, a sua referência de falso senso de oportunidade choca por estabelecer nexos irreais entre um senador atual, preso acusado de atrapalhar investigações, com toda a força da esperança de um povo.
Choca mais o fato de a senhora não fazer nenhuma menção ao banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, também preso como suspeito de fazer uma operação polêmica na área internacional da Petrobras, ao comprar poços de petróleo na África, sendo ele um dos homens mais ricos do Brasil, um País pobre e, mesmo assim, de esperanças que vencem os medos.
A senhora não disse nada sobre André Esteves foi pelo fato de ele ser banqueiro e rico? Haveria na senhora algum senso de seletividade, como o há na mídia que reforçou com grande destaque as suas palavras?
Enfim, perdoe-me pela ousadia de exercer o direito de questionar, de me indignar contra as seletividades e contra o deboche em relação ao povo que tem esperança, apesar do medo que diuturnamente lhe impingem.
• Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
• Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O mundo mais próximo de uma guerra com a derrubada de um avião Russo.

fontes: (Antonio Martins, Outras Palavras pragmatismo político)
O fantasma de uma guerra global voltou a se manifestar esta manhã, quando dois aviões de caça turcos dispararam contra um bombardeiro russo, que atacava instalações militares do Califado Islâmico na Síria. O avião, que voava próximo à fronteira sírio-turca (há controvérsias sobre a localização exata) foi derrubado e destruído.
Os dois pilotos ejetaram-se da cabine, mas foram capturados e mortos por terroristas. A Turquia integra a OTAN, aliança militar dirigida pelos EUA. É a primeira vez, desde os anos 1950, que ocorre uma escaramuça de tal natureza entre duas potências nucleares. Ainda não se sabe como reagirá Moscou (Vladimir Putin considerou-se “apunhalado pelas costas”), mas num mundo à beira de um ataque de nervos as consequências podem ser dramáticas. Por que a Turquia agiu deste modo? Quais podem ser os desdobramentos?
Dois textos de Noam Chomsky, intelectual norte-americano dissidente, ajudam a explicar os motivos – e, ao fazê-lo, tornam o fato ainda mais dramático. O primeiro, ainda sem tradução em português, foi publicado ontem, na revista digital Alternet. A Turquia está se convertendo rapidamente num foco de grandes tensões, bem no centro de uma região tradicionalmente explosiva, explica o filósofo e linguista. Pressionado por oposição de esquerda e por uma situação geopolítica desconfortável, seu governo tenta manter-se com base em repressão interna e na busca de um inimigo externo. Seus serviços de segurança são acusados de cumplicidade no atentado a bomba que matou 99 manifestantes pela paz, em meados de outubro (a autoria direta foi reivindicada pelo ISIS). Mais recentemente, o presidente Recep Tayyip Erdogan voltou-se contra a liberdade de expressão.
Para reconquistar maioria parlamentar nas eleições de 1º de Novembro, Erdogan silenciou a imprensa opositora. Os prédios do grupo de comunicação Ikea – sedes de dois jornais (Bugun e Millet) e duas redes de TV – foram invadidos pela polícia. O Estado assumiu o controle do grupo, demitiu 71 jornalistase impôs nova linha editorial. No dia das eleições, ambos estamparam, em manchete, fotos do chefe de Estado, acompanhadas dos títulos “O presidente entre o povo” e “Turquia unida”. Após o pleito, dois jornalistas foram encarcerados e 30 processados, a pretexto de “insultar o presidente” e “fazer propaganda terrorista”. Na recente reunião do G-20, realizada na cidade turca de Antalya, dezenas de jornalistas locais foram barrados. Tudo isso, num país que os governos ocidentais rotulam como aliado democrático.
O descontrole de Erdogan deve-se, em parte, à situação delicada em que ele próprio colocou a Turquia, no cenário de um Oriente Médio em que o poder norte-americano declina. Aliado de Washington, o país foi pivô, desde 2011, do esforço norte-americano para usar a mão-de-gato do ISIS contra Bashar Assad, o presidente da Síria. Pela fronteira turco-síria, propositalmente escancarada, passaram milhares de fundamentalistas e enorme quantidade de material militar que alimentaram o terrorismo, relata Patrick Cockburn em A origem do Estado islâmico – um livro indispensável sobre o tema.
Porém os EUA, perdidos num emaranhado de alianças contraditórias na região, precisaram atender também a outros interesses – o que deixou a Turquia em sinuca geopolítica. Há dois meses, quando Moscou aliou-se ao governo sírio e lançou sua aviação contra o ISIS, Washington viu seu poder ameaçado. Reagiu dando apoio militar às guerrilhas curdas. Quando o fez, contrariou Erdogan, que promove uma guerra implacável contra o possível surgimento de um Estado curdo. A situação do presidente turco tornou-se ainda mais delicada após os atentados de Paris. Erdogan teme que os Estados Unidos fortaleçam os curdos, ao ampliar o apoio militar que dão a eles.
O ataque ao avião russo é certamente uma provocação com objetivo de sacudir o tabuleiro. Erdogan tem instrumentos para tentar reconquistar os EUA. O New York Times especulou há pouco que, a pedido da Turquia, a Nato realizará, ainda hoje, uma reunião de emergência. Washington estará dividida. Manterá o apoio militar aos curdos, correspondendo à pressão da opinião pública internacional para derrotar o ISIS? Ou cederá à Turquia, um aliado que não deseja abandonar, para que as ambições geopolíticas norte-americanas não se degradem ainda mais no Oriente Médio?
O segundo texto de Chomsky – uma entrevista concedida em março último à revistaJacobine e já traduzida por Outras Palavras – enxerga o problema de uma perspectiva de mais longo prazo. O filósofo dissidente vê os EUA como um império decadente, que já não é capaz de construir hegemonia, porque tornou-se incapaz de satisfazer aliados ou neutralizar inimigos e agora age apenas segundo seus próprios interesses.
Foi esta condição declinante, explica Chomsky, que levou Washington a criar, no Oriente Médio, a situação ideal para formação do ISIS. Os EUA devastaram Iraque, Afeganistão e Líbia, em três guerras insanas. Estes países são exatamente, os santuários onde os fundamentalistas formam e treinam os terroristas que promoverão atentados como os que abalaram Paris.
Embora sempre esperançoso, Chomsky reconhece, na entrevista, que há razões para uma atitude mais cautelosa e alerta. Do contrário, frisa ele, “o mundo que estamos criando para nossos netos será cada vez mais ameaçador”.

domingo, 15 de novembro de 2015

Chomsky: A invasão do Iraque está na origem de grupos como o Estado Islâmico

Nesta entrevista ao Jacobin, Noam Chomsky explica as raízes do EI e por que os Estados Unidos e os seus aliados são responsáveis pelo surgimento do grupo. Em particular, argumenta que a invasão do Iraque de 2003 provocou as divisões sectárias que provocaram a desestabilização da sociedade iraquiana. O resultado foi um clima onde os radicais apoiados pelos sauditas prosperaram. Entrevista de David Barsamian.
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Foto de Jacobin
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Foto de Jacobin
O Médio Oriente está em chamas, da Líbia ao Iraque. Há novos grupos jihadistas. As atenções focam-se no Estado Islâmico. Que pensa deste grupo e das suas origens?
Há uma entrevista interessante a Graham Fuller, publicada há dias. Trata-se de um ex-agente da CIA, um dos principais analistas do Médio Oriente. O título é “Os Estados Unidos criaram o Estado Islâmico”. Esta é uma das teorias da conspiração, das milhares que há no Médio Oriente.
Mas esta vem de outra fonte: do coração doestablishment dos EUA. Fuller apressa-se a esclarecer que não quer dizer que os EUA decidiram dar existência ao EI e depois financiá-lo. O que ele sustenta – e eu acho uma opinião correta – é que os EUA criaram o ambiente do qual nasceu e se desenvolveu o EI. Em parte, a abordagem foi o padrão martelada: esmaga-se aquilo de que não se gosta.
Em 2003, o Reino Unido e os EUA invadiram o Iraque, um grande crime. Ainda esta noite, o Parlamento britânico concedeu ao governo a autoridade para bombardear o Iraque de novo. A invasão foi devastadora. O Iraque já tinha sido virtualmente destruído, em primeiro lugar pela guerra de dez anos contra o Irão, na qual, diga-se de passagem, o Iraque foi apoiado pelos EUA; e logo em seguida, pela década de sanções económicas.
Estas foram descritas como “genocidas” pelos respeitados diplomatas internacionais que as administraram, e ambos se demitiram em protesto. As sanções devastaram a sociedade civil, reforçaram o ditador, forçando a população a depender dele para sobreviver. Esse é provavelmente o motivo de não ter seguido o mesmo caminho de todo um grupo de ditadores que foram derrubados.
A invasão  do Iraque é comparada por muitos iraquianos à invasão mongol ocorrida mil anos antes.
Finalmente, os EUA decidiram atacar o país em 2003. O  ataque é comparado por muitos iraquianos à invasão mongol ocorrida mil anos antes.Terrivelmente destrutiva. Centenas de milhares de pessoas mortas, milhões de refugiados, milhões de outras pessoas deslocadas, destruição de riquezas arqueológicas do país dos tempos da Suméria.
Um dos efeitos da invasão foi imediatamente instituir divisões sectárias. Parte do fulgor da força de invasão e do seu diretor civil, Paul Bremer, foi separar as seitas, sunitas, xiitas, curdos e provocar os conflitos entre elas. Num par de anos, havia um enorme, brutal conflito sectário incitado pela invasão.
Para comprovar isto basta olhar para Bagdade. Se virmos um mapa de, digamos, 2002, trata-se de uma cidade misturada: sunitas e xiitas vivem nos mesmos bairros, por vezes nem se sabe quem é sunita ou xiita. É como saber se os seus amigos são de um grupo protestante ou de outro. Havia diferenças, mas não hostilidade.
De facto, durante alguns anos ambos os lados diziam: nunca haverá conflitos sunitas-xiitas. Estamos demasiado misturados na natureza das nossas vidas. Mas em 2006 já havia uma guerra enraivecida. Esse conflito espalhou-se a toda a região. Hoje, toda ela está dividida pelos conflitos sunitas-xiitas.
A dinâmica natural de um conflito como esse é que os elementos mais extremistas começam a ser predominantes. Tinham raízes. As raízes vêm do maior aliado dos EUA, a Arábia Saudita, que tem sido o principal aliado dos EUA na região desde que Washington se envolveu seriamente, de facto desde a fundação do estado saudita. É uma espécie de ditadura familiar. O motivo é ter uma quantidade enorme de petróleo.
O Reino Unido, antes dos EUA, preferia habitualmente o islamismo radical ao nacionalismo laico. E quando os EUA assumiram o seu papel, na essência seguiram o mesmo padrão. O islamismo radical tem o centro na Arábia Saudita. É o mais extremista, radical estado islâmico do mundo. Faz o Irão parecer um país tolerante e moderno por comparação e, evidentemente, as partes laicas do Médio Oriente árabe ainda mais.
Não só é orientado por uma versão extremista do Islão, a versão salafista wahabista, como também é um estado missionário. Usa os seus enormes recursos do petróleo para promulgar estas doutrinas por toda a região. Cria escolas, mesquitas, clérigos por toda a parte, do Paquistão ao Norte de África.
A doutrina abraçada pelo Estado Islâmico é uma versão extremista do extremismo saudita. 
A doutrina abraçada pelo Estado Islâmico é uma versão extremista do extremismo saudita. Cresceu ideologicamente da mais extremista forma do Islão, a versão saudita, e os conflitos que foram engendrados pelo martelo dos EUA que esmagou o Iraque espalhou-se agora para todo o lado. É o que Fuller quer dizer.
A Arábia Saudita não só fornece o núcleo ideológico que levou ao extemismo radical do EI, como também o financia. Não o governo saudita, mas os ricos sauditas e kuwaitianos e outros dão fundos e apoio ideológico a estes grupos jihadistas que florescem por todo o lado. O ataque à região levado a cabo por britânicos e os EUA é a fonte onde tudo isto tem origem. Foi o que Fuller quis dizer ao afirmar que os EUA criaram o EI.
Pode-se ter a certeza de que à medida que o conflito se desenvolva, eles vão ficar mais extremistas. Os mais brutais, mais duros grupos vão ganhar predominância. É o que acontece quando a violência se torna no meio de interação. É quase automático. Isto é assim tanto nos bairros quanto nos assuntos internacionais. As dinâmicas são perfeitamente evidentes. É o que está a acontecer. É de onde vem o EI. Se conseguirem destruir o EI, terão de lidar com algo mais extremista.
E os média são obedientes. No discurso de 10 de setembro, Obama citou dois países como histórias de sucesso da estratégia de contra-insurgência dos EUA. Que países são esses? Somália e Iémene. Toda a gente devia estar de queixo caído, mas no dia seguinte o silêncio era total, não havia comentários sobre isto.
O caso da Somália é particularmente horrendo. O Iémene é mau demais. A Somália é um país extremamente pobre. Não vou falar da história toda. Mas um dos grandes sucessos da política de contraterror da administração Bush foi que conseguiram fechar uma instituição de caridade, a Barakat, que abastecia o terrorismo na Somália. Grande excitação na imprensa. Grande triunfo.
Uns meses depois, os factos começaram a ganhar a luz do dia. A instituição de caridade não tinha absolutamente nada a ver com o terrorismo na Somália. Tinha a ver sim com a banca, o comércio, os hospitais. Mantinha de certa forma viva a economia somali, profundamente empobrecida e abalada. Ao fechar a instituição, a administração Bush acabou com isto. Foi a contribuição para a contra-insurgência. Foram-lhe dedicadas umas poucas linhas, que podem ser lidas em livros sobre finanças internacionais. É o que foi feito à Somália.
Houve um momento em que os chamados Tribunais Islâmicos, uma organização islâmica, tinha conseguido uma espécie de paz na Somália. Não era um regime bonito, mas pelo menos era pacífico e o povo estava mais ou menos a aceitá-lo. Os EUA não o toleraram, e apoiaram uma invasão etíope para destruí-lo e fazer toda a região numa enorme confusão. Grande sucesso.
O Iémene tem também a sua história de terror.
Esta é a tradução de uma parte da entrevista publicada no site informativo Jacobin.
Traduzido por Luis Leiria para o Esquerda.net