sexta-feira, 1 de março de 2013

Ainda a morte


SÃO MUITOS 'CHE' PARA POUCA REVOLUÇÃO,,is

A inversão de valores está completa. Os comentaristas especializados em futebol, viraram educadores morais e cívicos. A imprensa especializada, antes apenas esportiva, tornou-se policial e investigativa. Os formadores de opinião, tentam enfiar guela abaixo de seus leitores, que quem busca o seu direito é amoral, e de uma forma geral, as piadas com o estádio vazio, com os 4 pagantes e principalmente com a palavra "liminar", permeiam as redes sociais desde ontem à tarde.
O que precisamos discutir afinal? Existe algum assunto que necessite debate?
Viramos todos juízes. Na terça-feira por exemplo, e me incluo, começamos a assistir a Libertadores com olhos bem abertos e desde já exigimos uma punição para Peñarol e Velez Sarsfield pela selvageria no Centenário de Montevideu. Como aceitar que apenas o Corinthians seja punido? No coração de torcedor, isso sempre prevalece.
Mas são muitos "Che" para pouca revolução.
Por que discutir uma saída que não existe, mas ainda assim discutir uma forma para que a morte de Kevin Espada não tenha sido em vão? 
Kevin, o menino que foi ao estádio pela primeira vez festejar sua paixão e que certamente ficou encantado com a festa pirotécnica que fez a torcida do San José. Foi de fato muito bonita. Fogo, sinalizadores, e tudo que tinha direito para recepcionar a equipe em seu retorno a Taça Libertadores.
Por que não deixar que não só os quatro torcedores com liminar, e sim permitir a entrada de todos, e reverter a renda para programas educacionais e que conscientizem as pessoas dos perigos impostos por nós mesmos dentro dos estádios e fora dele? É estatístico que programas assim voltados contra o uso de drogas, bebidas, combate contra AIDS e outros males foram eficazes. Ou não?
Por que discutir a competência de uma força policial pífia, que se preocupou em colocar 150 homens, incluindo sua tropa de elite, na porta do hotel corinthiano em Oruro, que era cercado de paz e admiração mas que não fez o básico que é uma revista rígida na entrada do estádio?
Por que discutir a greve que impede que 12 cidadãos brasileiros sejam liberados do cárcere e possam ter de volta seu direito de liberdade para responder um processo que sequer se sabe se foram eles os culpados?
Por que indiciar 10 pessoas como cúmplices, mais duas como autores se temos um suposto culpado confesso?
Por que acreditar que uma mãe permitiria que seu filho passasse como um laranja?
Que nada. Eles já foram condenados.
Quem é mais cúmplice? Os 10 que teoricamente – e não há imagem alguma disso até onde eu saiba – tentaram acobertar o autor do disparo ou os policiais que deixaram o artefato entrar?
Por que não falar que ontem o Corinthians teve uma vitória imponente ao invés de ficar batendo na tecla dos 4 torcedores e até descobrindo parentesco de quarto grau?
Por que não chorar a morte de Kevin ao invés de encontrar falsos argumentos morais pra justificá-la ou soluções estapafúrdias para respeitar seu luto?
Somos todos revolucionários.
Um bando de "Che". 
Só faltava o blogueiro do contra.

Fonte: Ricardo Taves

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